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Fora do circuito tradicional, gays invadem bares de MPB

É sábado. Já passa de 22h. A temperatura agradável e a agitação anunciam mais uma noite de comemoração, diversão, pegação… E tantos outros "ãos". Nas ruas todos estão animados, lindos e perfumados, prontos para parar na boate mais próxima. Afinal, existe lugar melhor para dançar, beber e paquerar?

Para um seleto grupo, existe, sim. Eles ainda são minoria, mas alguns gays dispensam qualquer local escuro, abarrotado de pessoas que dançam ao som de house, tecno, divas do pop e afins, por algumas mesas e cadeiras aliadas a uma boa MPB ao fundo. "No barzinho dá pra conversar, e, um bom papo pra mim, ainda é melhor que dançar até ‘morrer’, conta Leandro Grijo, 24,analista de comércio exterior.

Em São Paulo, são poucos os bares dedicados ao público GLS que priorizam a música popular brasileira. Entre os que se arriscam, ainda é possível encontrar os que dão espaço para a chamada nova MPB, os que apostam no saudosismo dos antigos bailes e os que têm "samba no pé" (ou na caixa de som).

É fato constatado que qualquer boteco, garagem ou porta-mala de carro que eleja a MPB como trilha, estará com, pelo menos, meia dúzia de lésbicas em volta. Está aí uma das principais reclamações dos meninos. " Não ligo de estar com um milhão de meni-
nas no barzinho, mas ligo de só ouvir Ana Carolina e Cássia Eller a noite inteira. Então, ainda prefiro ir pra um barzinho ‘hétero’ e ouvir tudo que eu gosto", diz Leandro.

O jornalista Cassius Guimarães diz que troca balada até por jantar. Se o programa inclui uma esticada para um bar, prefere a mistura: "Se tem só mulher, só homem, qualquer coisa assim, fica chato. Anula a possibilidade de troca, de convivência com o diferente".

Um bom exemplo dessa mistura são as noites de domingo no Vermont Itaim. A casa recebe o Samba de Rainha, um grupo de meninas munidas de cavaquinho e instrumentos de percussão que relembram sambas famosos. O repertório vai de Clara Nunes e Cartola a Zeca Pagodinho. A presença de homens em busca de animação e música de qualidade cresce a cada final de semana.

E o agito não pára. O Bar da Fran, em Pinheiros, já é conhecido por muitos dos freqüentadores da Bubu Lounge pela proximidade. O local também recebe muitos meninos, que dançam e cantam ao som de Adriana Calcanhoto, Ana Carolina, Djavan e Marisa Monte, entre outros. O analista de seguros Fábio Boel Tavares de Toledo, 28, conta que freqüenta boates, mas não dispensa uma noite de música brasileira na companhia dos amigos.

O publicitário Cláudio Bruno comemorou seu 36º aniversário ao som de música nacional. Quem não gostou muito foram os cerca de 10 amigos que o acompanhavam. “Eles reclamam, mas não ligo. Estou onde gosto e pronto”, diz, entre risadas.

Para os que têm receio da reação do público dominante, as meninas afirmam que estão sempre dispostas a receber o sexo oposto. “Acho que os locais deveriam ser meio-a-meio, não incomoda em nada!”, brinca a estudante Alessandra Amino, 21.

Uma noite de “ferveção” faz muito bem à pele, ao cabelo e, principalmente, ao ego. Mas, que tal experimentar uma mudança de ares? Seus ouvidos agradecerão e, de quebra, você pode sair com alguém a tira colo. Pessoas interessantes é que não faltam.

Bares com noites de MPB

Bar da Fran
r. dos Pinheiros, 735 – Pinheiros
tel./11/3081.1643
www.bardafran.com.br

Bardagrá
r. Adolfo Tabacow, 173 – Itaim Bibi
tel./11/3071.0828

Espeto de Bambu
r. Haddock Lobo, 71 – Consolação

Farol Madalena
r. Jericó, 179 – Vila Madalena
tel./11/3032.6470
www.farolmadalena.com.br

OGato
r. Frei Caneca, 462 – Consolação
tel./11/3256.3656
www.ogato.com.br

Santa Sara
r. São Carlos do Pinhal, 461 – Bela Vista
tel./11/3285.4287
www.santasara.com.br

Vermont Itaim
r. Pedroso Alvarenga, 1.192 – Itaim Bibi
tel./11/3707.7721
www.vermontitaim.com.br

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