No dia 20 de setembro será lançado na livraria Martins fontes o livro "O mercado GLS – como obter sucesso no segmento de maior potencial na atualidade", fruto da parceria entre Franco Reinaudo, fundador da Associação Brasileira de Turismo GLS, e Laura Bacellar, dona da editora Malagueta, voltada para publicações lésbicas.
Em entrevista ao A Capa, Franco disse que a idéia do livro surgiu para nortear futuros empresários que queiram abrir negócios destinados ao segmento LGBT. Para ele atualmente "faltam pesquisas que falem do consumo desta população". Segundo o autor, por conta da ausência de dados, muito empresários cometem erros e vão à falência por não conhecerem as especificidades dos consumidores LGBTs. Confira a entrevista.
Por que o mercado LGBT é pouco explorado no Brasil?
Eu penso assim, estamos na fase de transição, tanto no mercado como na democracia, ela ainda é muito jovem no Brasil. Então, ainda tem muita tem gente no armário. Portanto, esse mercado [LGBT] cresce com a democracia, quanto mais pessoas estiverem fora do armário, mais esse mercado será explorado.
Carecemos de estabelecimentos gay friendly em São Paulo e no Brasil?
Hoje mudou muito, falo isso porque estou há 12 anos nesse mercado. Por exemplo, o setor da hotelaria é um dos que mais avançou. Dificilmente um casal gay ou lésbico encontrará barreiras para ficar em um hotel. Acho que a grande diferença é que lá fora eles estão mais preparados para receber do aqui. No Brasil o pessoal tem mania de achar que todo mundo é igual. Tratam gays e lésbicas da mesma maneira e não é assim que funciona.
O seu guia é destinado a empresários que queiram investir no mercado GLS?
Escrevemos contando a experiência, eu com a ABRAT e a Laura com a Edições GLS. Muita gente quer trabalhar com esse segmento, mas há pouca informação. Por conta disso, tem gente que pensa ‘ah, vou pintar de rosa e montar o estabelecimento’ e por isso acaba não dando certo, pois se baseiam em estereótipos. Não queremos ensinar com o livro, ele é bem prático, é para o empresário que quer falar com o segmento. Então falamos de como desenvolver um produto, as diferenças entre gays e lésbicas etc.
Buenos Aires é considerada uma cidade gay friendly nas rotas turísticas para a América do Sul. O que falta para São Paulo ser uma cidade gay friendly?
Olha, nós podemos equiparar São Paulo com Buenos Aires, não tem muita diferença. O que realmente difere é que eles aprovaram a lei de união civil, ou seja, eles têm a legalidade para população LGBT. Quanto a serviços, cidades com Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis não deixam nada a desejar frente a Buenos Aires.
Você acha que falta investimento no segmento?
Não, tudo tem a ver com demanda. O que falta é pesquisar e se preparar. Você vê um monte de empreendimento que dura muito tempo. Falta informação ao empresário. Você não tem uma pesquisa seriamente feita. Por exemplo, um censo a respeito do consumo desse segmento. Sabemos algumas coisas, por que os LGBTs tem mais dinheiro e gastam mais? Não tem filho, então não gasta com fraldas, com escola e gasta com outras coisas. Falta um estudo com o hábito de consumo. Aí, a pessoa vai lá e abre um negócio sem saber, não compreende que dentro do segmento há particularidades.
A ABRAT possui alguma feira ou evento para empresários que queiram investir no mercado LGBT?
Sim, fazemos. Em outubro temos seminários, na semana da Parada realizamos inúmeros encontros e oficinas. Na ABRAT, fazemos curso para gestores que querem investir no segmento.