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François Sagat: o ator que desdenhou a moda pelo mundo pornô

François Sagat está na edição deste mês da revista A Capa. O bonitão da foto ao lado ficou conhecido no mundo pornô por seu jeito espontâneo e extrovertido. Não bastasse, ainda trocou  o trabalho com moda, pela pornografia. Em entrevista exclusiva a revista o ator revela o motivo de tal escolha. Você encontra a revista A Capa em casas noturnas, bares, restaurantes e saunas de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis ou se preferir pode optar para recebê-la no conforto do seu lar clicando aqui. Abaixo confira a deliciosa matéria.

Pornô Cult: Depois de trabalhar com os melhores estilistas de Paris, François Sagat desdenha a moda para ser o nome do pornô gay francês

Ele saiu de casa com 18 anos deixando para trás a pacata vida do interior da França para estudar moda em Paris. Trabalhou em alguns dos melhores ateliês de costura da cidade, como Jeremy Scott, Givenchy e Balenciaga. Também ajudou no styling de editoriais de moda para as revistas V Magazine e Vogue, além de fazer bicos como auxiliar de fotografia para Mario Testino e Karl Lagarfeld.

Enagana-se quem pensa que esse currículo pertence a alguma nova promessa do mundo da moda. Mesmo com a habilidade para desenhar e toda bagagem adquirida nos anos dedicados à indústria fashion, François Sagat só saiu do anonimato após apostar suas fichas no efêmero e segregado mundo pornô.

Com sua bizarra tatuagem que imita um corte militar de cabelo, performances de tirar o fôlego, olhar misterioso e uma expressão ao mesmo tempo rude e fria, Sagat materializou o fetiche de muitos consumidores da pornografia gay.

Não demorou para que esse francês de 1,75m e corpo sarado assinasse contrato de exclusividade com os maiores estúdios do gênero nos Estados Unidos, onde foi premiado como melhor performer  do ano na última edição do GAYVN Awards, uma espécie de Oscar do pornô gay.

Recentemente, Sagat experimentou uma curiosa volta ao mundo fashion estrelando divertida campanha para a última coleção outono inverno do estilista alemão Bernard Wilhelm. Confira o que o rei do fetichismo e do couro falou à revista A Capa sobre sua vida excêntrica:

Em pouco mais de dois anos você saiu do anonimato para se tornar estrela do pornô gay e chegou a ser eleito performer do ano. Você acha que já fez tudo nesse universo?
Acho que não. Sou modelo exclusivo há dois anos, no início para a Raging Stallion e atualmente para a Titanmen. Ter um contrato é vantajoso, pois evita ter que rodar muitos filmes no decorrer do ano, o que zela pela qualidade da minha filmografia. Trabalhando para a mesma empresa, eu acabei evoluindo dentro de um estilo interessante mais ao mesmo tempo restrito. Eu passo uma imagem dura, ligada ao tema do couro e do fetiche. Sou bastante visto, mas na maioria das vezes sob o mesmo aspecto, sem muitas variações. Ainda posso me renovar e fazer coisas diferentes, mas para isso será necessário trabalhar para diversas pessoas.

Durante as gravações, já aconteceu de se empolgar e se deixar levar pelo tesão?
Nunca perdi o controle. Nunca houve um parceiro que me atraísse 100%. A escolha do parceiro é muito difícil, varia conforme a disponibilidade, a nacionalidade, a orientação sexual e para quem a pessoa trabalha. Sem falar da pressão em torno de você. Não dá para se deixar levar, entende? É um trabalho de verdade, uma verdadeira composição. Nós somos cortados a cada 5 minutos. Não tem prazer, não tem tesão. Muitos fatores influenciam: as mudanças na luz, o tempo filmando, a química entre os modelos, o cansaço, a ereção que deve ser mantida… Atualmente estou filmando o novo filme de Bruce Cam, o diretor da Titan, e posso te garantir que é bem difícil. Não há tempo para se divertir, muito menos para "se empolgar". E ainda tenho que me levantar super cedo.

Na indústria pornô uma carreira nunca é muito longa. O que pensa em fazer quando o "hype" passar?
Sinceramente, estou pouco importando com isso. Eu nem faço muita questão de ganhar rios de dinheiro como alguns de meus colegas, que só pensam no business. Eu não faço por dinheiro. E nem ganho tanto na verdade. Todos me dizem que sou estúpido e que poderia estar super rico, mas minha praia não é gerenciar minha carreira. Vou vivendo cada dia. Se amanhã acabar e eles não me quiserem mais, tudo bem. Nada disso tem importância para mim. Eu vivo sempre pronto a voltar a viver uma vida normal, sem extravagâncias como era antigamente, mesmo sabendo que por alguns anos não daria para voltar completamente ao normal. Eu sou rodeado de pessoas nefastas e manipuladoras. Na hora certa eu posso desaparecer sem pedir a opinião de ninguém. Eu vou trabalhando e, no futuro, eu quase nem penso. Muita gente o faz por mim, dentro de seus próprios interesses, nunca se preocupando com os meus. Eu respeito os acordos que assumo, mas na hora certa não se ouvirá mais falar de mim. Ou sim, mas de outra forma.

O que é preciso para te paquerar na vida real?
Tem que ser gentil e natural. Não adianta ir muito além disso. Eu adoro gente direta, mas que não seja grosseira. Prefiro que vá direto ao ponto ao invés de me soltar os violinos e tentar fazer a linha gentleman romântico. Eu não acredito nisso. Parece que estão tirando onda com minha cara. Detesto quando o fazem. Principalmente comigo. Eu gosto dos brutos ou desajeitados, mas seguros de si. Isso me faz balançar.

E o que te faz se apaixonar por alguém?
Para me apaixonar é necessário que a pessoa evite valorizar o que sou e o que faço. Tem que ser ela. Vai ser necessário algum tempo também. É bem progressivo comigo. Mas antes de tudo uma boa química sexual é primordial. É preciso transar, transar e transar novamente. Aí depois vemos no que vai dar, discutimos e nos conhecemos um pouco mais. Eu sei que não parece muito romântico, mas eu posso ser doce e romântico sim. Eu adoro caras melancólicos, com um ar meio triste. Caras que sofreram sempre possuem mais charme que alguém super feliz. Eu prefiro os perfis mais sombrios. A experiência de alguém que já sofreu algo na vida é muito mais atraente. Isso se percebe no rosto, no olhar. Claro que é preciso momentos de alegria. Não sei se todo mundo entende o que eu estou querendo dizer, mas pessoas muito felizes soam falsas e isso não me seduz.

E como é a relação com sua família? Como reagiram quando se lançou no mundo pornô?
Normalmente, ou seja, não gostaram. Não me surpreendeu. Se eu tivesse um filho que fizesse filmes pornôs eu não ficaria feliz. Minha família é bem pequena, só mãe e minha irmã. Então foi mais fácil de contar. Elas não gostaram, mas tudo está melhor agora porque muita coisa interessante acontece ao redor do pornô. Outros universos se interessam por mim agora, como a moda, alguns artistas e bons fotógrafos. E isso é gratificante tanto para mim quanto para minha mãe, que espera que eu pare com o pornô rápido e vá fazer outra coisa. A pornografia foi meu segundo coming-out e o mais doloroso para minha família. Antes disso, com 19 anos, eu assumi que era gay.

Fale um pouco sobre a época em que trabalhava na indústria da moda? Por que não deu certo?
Não funcionou por que não fui perseverante o suficiente. Não tinha mais força e energia para continuar. Poderia ter dado muito certo, já que trabalhei para os melhores. Mas eu não passava de um assistente, sem muita paciência e muito imaturo. E, principalmente, devido ao pouco dinheiro para me sustentar. Eu fiz uma escola de moda durante três anos e depois fui assistente para Paco Rabanne, Tierry Mugler, Jeremy Scott, Givenchy e Balenciaga. Depois fui assistente em styling para as revistas

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