Em 2008, a Fundação Perseu Abramo em parceria com Fundação Rosa Luxemburgo, da Alemanha, iniciou a pesquisa “Diversidade sexual e homofobia no Brasil: Intolerância e respeito às diferenças sexuais nos espaços público e privado”. Realizados pelo Núcleo de Opinião Pública (NOP) da fundação brasileira, os resultados obtidos foram apresentados no Fórum Social Mundial 2009, em Belém.
Os pesquisadores já esperavam um alto índice de preconceitos na pesquisa, que pretende contribuir para a formulação de políticas públicas em prol da comunidade LGBT, mas encontraram dados assustadores ao compararem com pesquisas sobre idosos e negros realizadas anteriormente: o percentual de quem declara ter preconceito em relação ao segmento LGBT é oito vezes maior do os captados nas pesquisas sobre idosos e negros.
24% das 2000 pessoas que representavam a população geral declararam “Sim, eu tenho preconceito”, enquanto nas duas pesquisas sobre negros e idosos o resultado foi o mesmo: 4%. Segundo o coordenador do NOP Gustavo Venturi, uma das hipóteses para a discrepância dos resultados é o fato de se considerar atualmente a orientação sexual como uma escolha.
“Essa percepção de que se trata de uma decisão pessoal abre um flanco para que surja a crítica: você fez a sua escolha e eu posso não gostar dela. É diferente as pessoas assumirem que não gostam de um negro, considerando-se que ele não fez a escolha por sua negritude. Mesma coisa o idoso – não é uma escolha envelhecer.” explica Venturi.
A pesquisa teve o cuidado de captar o preconceito que surge de forma indireta. Na primeira parte, elaborou um questionário com questões abertas sobre a ideia da homossexualidade e questões gerais sobre outros segmentos da população. Foi elencada uma grande lista de grupos sociais, e vários deles tiveram altas taxas de aversão. Os primeiros da lista de aversão são os ateus e usuários de drogas, seguidos do grupo LGBT na mesma colocação que os ex-presidiários.
Venturi entende que “as pessoas assumem que não gostam de, ou que às vezes até odeiam, determinados grupos sociais, mostrando que nós brasileiros somos mais conservadores do que faz supor o senso comum”.
Os resultados da pesquisa e a entrevista com Gustavo Venturi podem ser vistos no site da Fundação Perseu Abramo.