Ryan Barlow ressignifica a fé e abraça a comunidade LGBTQIA+ com amor e visibilidade
Em 2023, Ryan Barlow surpreendeu a si mesmo e a comunidade ao aparecer no Utah Pride Festival vestido como Gay Jesus: com túnicas brancas e uma faixa arco-íris, ele não era um protestante ou um fiel da igreja mórmon, mas um símbolo de amor e acolhimento para a população LGBTQIA+. Agora, em 2025, ele retorna ao evento, reafirmando sua missão de cura e resgate da alegria queer.
De fé rígida à revolução pessoal
Ryan cresceu dentro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) e, durante seus anos na universidade BYU, apoiava fielmente as doutrinas da igreja, inclusive a Proposição 8 na Califórnia, que restringia direitos LGBTQIA+. Porém, com o passar do tempo, ele começou a questionar essas crenças ao se aprofundar nas consequências do discurso religioso para as pessoas queer.
“Eu comecei a entender que gênero e sexualidade não são preto no branco, mas um espectro colorido onde todos nós nos encaixamos”, conta Ryan, que transformou esse despertar em um compromisso de celebrar o orgulho LGBTQIA+ e combater o trauma religioso.
Gay Jesus: um gesto de amor e resistência
Ao se vestir como Jesus, figura que muitas vezes foi usada para silenciar e envergonhar pessoas LGBTQIA+, Ryan criou uma imagem radicalmente amorosa e inclusiva. No evento de 2023, ele vivenciou momentos emocionantes, com centenas de pessoas pedindo fotos, abraços e agradecimentos pela força representada por sua presença.
“Uma mulher me abraçou por quase um minuto chorando, dizendo que não deveria estar chorando, mas eu disse que ela devia, pois a dor causada pela religião é profunda”, relembra Ryan. Para muitos, ele se tornou o Jesus que desejavam ter conhecido na infância — aquele que acolhe os marginalizados e prega o amor acima do julgamento.
Um retorno cheio de significado
Em 2025, Ryan não estará sozinho na parada do Utah Pride. Ele marchará junto à comunidade ex-mórmon e à Rede de Sobreviventes de Terapia de Conversão, grupos que apoiam pessoas LGBTQIA+ afetadas por religiões rígidas, especialmente o mormonismo. Juntos, eles caminharão em homenagem a quem ainda carrega a vergonha imposta pela religião e em solidariedade aos que lutam para se libertar do ódio internalizado.
Ryan destaca que sua participação vai além de um simples ato simbólico: é uma forma de teologia ressignificada e uma presença curativa. “Eu queria trazer sorrisos, mas não sabia o quanto isso seria curativo para eles e para mim”, afirma.
Se você cruzar com Gay Jesus em algum Pride de Utah, como o Davis County Pride em Layton, em 3 de maio, aproxime-se, peça um abraço, conte sua história. Ele não está ali para salvar ninguém, mas para lembrar que nunca foi preciso ser salvo.
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