Bastou rolar um clima entre Sergio e Fernanda, ambos do Big Brother (acho até redundante escrever isso), para que um monte de gente falasse coisas assaz conservadoras.
Teve gente que disse que tanto Fernanda quanto Sergio estavam fazendo cena para ganhar um ibope no programa; outros disseram que o garoto é um perdido e sem personalidade; e ainda teve uma terceira parcela que chegou realmente a duvidar da orientação sexual do garoto.
Mas vamos lá: se a Fernanda beijar o Sergio, ela vai deixar de ser hétero? E se o Sergio beijar vai deixar de ser gay? E qual é o problema de um gay beijar um hétero? Quem nunca fez isso ou teve um fetiche com hétero, seja do sexo masculino, ou feminino?
Acredito que vivemos um momento onde a sexualidade, seja ela hétero ou homo, será cada vez mais larga e aberta a experiências. É cada vez mais comum escutar jovens que, até então se consideram HT, dizer que tem vontade de ficar com um cara, que tem curiosidade.
Oras, e um gay não pode ter curiosidade de beijar uma mulher?
Esse choque que muita gente da comunidade LGBT teve com a história de Sergio e Fernanda pode ser comparado ao choque que muito HT tem ao ver dois homens se beijando. Algo normativo. Olha aí um novo preconceito: gays que não gostam de gays que beijam HT. Pode?
Dias atrás tive uma conversa muito interessante com uma amiga historiadora e falávamos sobre o livro "O segundo sexo", de Simone de Beauvoir. Na obra, escrita há mais de quarenta anos, Simone divaga sobre a homossexualidade e a liberdade do sexo. Eu comentei com essa amiga que, como pode uma mulher naquela época falar assim e pregar a liberdade sexual. Acabamos por concordar que hoje muita gente está conservadora e que faltam pensadores como Simone e Sartre, que viviam uma relação aberta e bissexual.
E esta amiga, que também é educadora, comentou que tem visto cada vez mais gays em suas salas e que sente que os jovens hoje experimentam bem mais. Ela também acredita que esta atual geração vem para quebrar os paradigmas do que conhecemos por sexualidade e que o futuro da humanidade é a bissexualidade. Eis o ponto. E se de repente Sergio se descobriu bi?
Temos é que parar com essa ortodoxia e limitação de nossos corpos. É bom que cada vez mais héteros venham para o lado de cá, isso, além de ser bom, também ajuda na diminuição do preconceito contra gays. O sexo pode sim ajudar na transformação dos valores e acredito que estamos vivenciando uma época onde os corpos irão mexer com conceitos sociais que conhecemos.
