Gays e lésbicas que moram no Irã enfrentam uma política homofóbica e que pune com pena de morte quem for assumido. E vem induzindo tais pessoas a se assumirem transexuais.
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A cultura não admite a homossexualidade, mas desde 1980 aceita a ideia de alguém transicionar o gênero com a justificativa de que "nasceu no corpo errado".
A BBC Persa entrevistou alguns iranianos que foram induzidos a passarem pela redesignação sexual, vulgarmente conhecida como "mudança de sexo". E, dentre elas, está a mulher lésbica Donya.
Ela conta que, quando policiais a abordavam e viam que era uma mulher de cabelo rapado e boné, indagavam: "Por que está assim? Vá mudar de sexo". Ela passou por tratamento hormonal por sete anos, mas teve que pedir asilo no Canadá por ter se assumido lésbica – e não homem trans.
O jovem gay Soheil (na foto, de vermelho), de 21, também passou por algo semelhante. A família disse que, ou ele passaria pela operação e se assumiria transexual, ou eles mesmos o matariam. Soheil fugiu de casa e voou para a Turquia, que não pede visto para iranianos, com a ajuda de amigos.
Arsham Parsi, homossexual que também fugiu do Irã para a Turquia, e que depois foi para o Canadá, criou um grupo de apoio para gays iranianos. Ele diz receber centenas de pedidos de ajuda por semana e auxiliou cerca de mil pessoas a deixar o Ira nos últimos 10 anos. Ele estima que 45% das pessoas que passam pela redesignação sexual não são transexuais.
"NÃO SABEM DIFERENÇA DE IDENTIDADE E SEXUALIDADE"
A psicóloga, chamada pela reportagem de Shabnam, afirma que gays são forçados a fazer a cirurgia e que médicos são orientados a dizer que LGB são doentes. As autoridades dariam até documentos legais, permissão para andar vestido como quiser e até conceder um empréstimo para pagar a cirurgia.
Quem defende a medida diz que o Irã é positivo para essas pessoas, pois transexuais iranianas tem uma vida mais decente que em outros países. Porém, grupos questionam se os pacientes não estão sendo operados por imposição e se eles não são transexuais, mas homossexuais.
"As autoridades não sabem a diferença entre identidade e sexualidade", explica a psicóloga.
Um dos casos de possíveis erros é o de Marie (foto), de 37 anos, que deixou o Irã há cinco meses. Ela passou pela cirurgia, assumindo a identidade feminina, mas não sabe se não foi um engano. “Antes da cirurgia, as pessoas me viam e diziam: ‘Ele é tão feminino, é tão feminino”. Mas após, começaram a dizer: ‘Ela parece um homem, é viril'. Me sinto danificada. Se estivesse em uma sociedade livre, gostaria de saber se seria como sou agora e se eu teria mudado meu sexo”.