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Gays se divertem na Campus Party, mas estão nas “CPUs”

Embarcamos na aventura de participar da 2ª edição nacional da Campus Party, evento que reuniu em São Paulo, durante 7 dias no Centro de Exposições Imigrantes, nerds, geeks e admiradores de tecnologia e web.
 
Criada na Espanha em 1997, a Campus Party pode ser considerada como o maior evento mundial integrando tecnologia, conteúdo digital e entretenimento em rede. Os participantes mudam-se com seus computadores, malas e barracas para dentro de uma arena, onde se conectam a uma rede superveloz e participam de oficinas, palestras, conferências, competições e atividades de lazer.

Tudo acontece ao mesmo tempo e, assim como na internet, se você bobear acaba perdendo algum evento interessante. Nossa meta era descobrir se existe vida GLS no meio de um total de 6.513 campuseiros inscritos, sendo 68,3% homens na faixa etária de 18 a 24 anos.

Kit básico

O kit básico são os próprios acessórios de tecnologias: iPods, laptops e smartphone. As roupas são confortáveis e quentes (em uma das noites, São Paulo registrou 3 graus). Durante o dia, chinelos, bermudas e camisetas. A noite, o que se vê são calças e jaquetas de moletom. Ninguém na Campus esta muito interessado em moda, mas as marcas Cavarela, Adidas e Nike circulam em massa pelos corredores.

O twitter está entre os mais acessados, e todo mundo aproveita a conexão veloz para baixar filmes e seriados.

Boys & Babados

O clima predominantemente é hetero. Mesmo com o frio durante a noite, todos estão concentrados em seus computadores, apelação sexual praticamente não existe. Nos stands de grandes empresas ligadas à web, as meninas são o destaque.

Neste encontro de homens que dura aproximadamente 160 horas, não existe babados fortes no banheiro e o clima entre as barracas é amigável. É comum você encontrar rapazes voltando do chuveiro só de bermuda, cheirando a sabonete. A chuveirada, em boxes, não é coletiva. O entra e sai nas barracas acontece durante todo o evento.

Em chats e no twitter, o clima esquenta nas madrugadas, uma participante comentou que desejava um chuveirinho para matar a falta de sexo (encontrar uma lésbica aqui é como encontrar uma agulha no palheiro), os meninos são mais sérios. Existe a piada de que para se dar bem na Campus Party, você precisa amarrar um HD em uma linha, jogar, e esperar 5 minutos para agarrar um nerd.

Entre os computadores, muitos meninos lindos! Existem duas variaveis: magrinhos ou muito gordinhos. Ninguém dá pinta, mas, com o gaydar ligado, é facil de identificar alguns gays. Com a busca de descobrir se "existe vida GLS no universo nerd" encontramos alguns amigos que trabalham com web e/ou são ligados no meio publicitário… para ser mais exato, encontramos 11 bees!

Alisson Gothz, personalidade da noite paulistana, passou na Campus Party e conferiu algumas palestras. Entre elas, "Como Tirar Ótimas Fotos com Uma Camera Tosca". Alisson postou em seu twitter que os geeks também amam: "NEM VEM dizendo que não pode fazer pegação na #cparty!! Recebi pencas de coisinhas via bluetooth…".

"Acho que tem muitos gays na Campus Party, mas por algum motivo, que eu ainda não sei, eles todos estão dentro das suas "CPUs". O evento é claramente hetero e não existe nenhum movimento ou clã que levante a bandeira GLS. Nos próximos anos, nós gays deveríamos montar um clã e vir pra cá. Afinal, a blogosfera gay cresce a cada dia!", declarou o produtor de eventos Bruno Chagas, uma de nossas descobertas e que se declara um apaixonado por informática.

Todas as noites acontecem festas nerds, ponto alto da confraternização entre os meninos de robótica, desenvolvedores, profissionais de web e afins.

Como também era previsto, ninguém aqui conhece a cantora Deborah Cox, atração internacional em festas gays e pool parties Brasil afora, e a maioria não tem sincronia na hora de dançar. Alguns imitam robos e a diversão de todos são os gogo nerds, 3 amigos ( 2 magrinhos e um gordinho) que fazem passos misturando "rebolation", funk e dança de chacrete. Hilário! 

"Não sei onde eles aprenderam a dançar deste jeito, nunca vi ninguém dançando assim nos lugares que frequento", disse sorrindo o publicitário Angelo A., que é figura carimbada no circuito pop da noite de São Paulo. Depois da festa oficial, pequenos grupos organizam reuniões com drinks "muquiados", já que aqui a venda de bebida alcoólica é proibida. (Na primeira noite aconteceu um leilão de uma lata de cerveja gelada, que foi arrematada por R$12.)

"Existem muitos meninos bonitos, existem gays, mas o intuito aqui é outro, pode acontecer alguma pegação, mas eu não tenho coragem de cantar alguém. Afinal, vou conviver com eles durante uma semana e o clima precisa ser amigável. Mas, vontade não falta!", comenta o biólogo Alexandre K., que acampou sozinho desde o primeiro dia de Campus Party.

O jeito é se jogar na web  (não encontramos ninguém visitando sites eróticos), muitos contatos via twitter e acompanhar a estréia de LOST, seriado cultuado por aqui. Esperamos que nas próxima edições, os "Queers Nerds" organizem encontros dentro da arena da Campus Party e participem das palestras, já que o futuro da internet e do que você vai encontrar de marketing publicitário online é discutido aqui.

*Especial para o site A Capa

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