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“Gays têm a mesma condição de cuidar de crianças que um hétero”, diz Juliana Paes

Atualmente o rosto da atriz Juliana Paes, 30, deve ser um dos mais vistos pela população brasileira, já que ela interpreta Maya, protagonista da novela das 21h, Caminho das Índias, da Globo. E, como todos sabemos, em média, mais de 50 milhões de brasileiros acompanham o folhetim global.

Longe das câmeras a fofa gerencia uma grife, que leva o nome de Vida. No último domingo (02/08) ela recebeu dez fãs que participaram de uma promoção da marca e foram selecionados por terem criado as frases mais criativas. Os sortudos participaram dos ensaios fotográficos da nova coleção Primavera-Verão. Muito animada ela conversou bastante com os seus admiradores e ainda propôs um campeonato de videogame. Os dois vencedores ganharam uma peça da grife.

Entre um take e outro, Juliana Paes concedeu esta entrevista exclusiva ao site A Capa. Na conversa ela falou sobre os rumos de sua grife, como funciona a criação e contou que irá viajar para o exterior para buscar inspiração para as próximas coleções. Revelou também que não gasta mais do que "50 minutos" para se arrumar e que aprendeu a se maquiar observando os profissionais quando era modelo.

Como não poderia deixar de ser, conversamos também sobre diversidade sexual. Juliana considera o preconceito contra gays uma "atitude besta" e se declarou favorável à adoção por casais do mesmo sexo. Confira a entrevista a seguir.

Em que você pensa na hora de criar peças para sua grife?
Eu penso basicamente no que eu gosto de vestir, no que me faz me sentir bonita. Lógico que existe uma preocupação em seguir algumas tendências. A gente faz uma pesquisa, eu e as meninas da criação da Leader, para ver o que está pegando lá fora, traduzimos para a moda feminina brasileira, que é diferente, e para o corpo da mulher brasileira, que na minha opinião, tem um corpo aeroso e curvilíneo. Então eu crio e peço para o pessoal desenhar peças que sirvam para uma mulher normal. Eu me considero uma mulher normal, pois não sou magra demais e nem gostosa demais como as pessoas costumam supor.

Você disse que prefere não usar mais roupas curtas, barriga de fora. Por que você mudou seu estilo?
Com certeza isso vem do amadurecimento. Chega uma hora que você percebe que beleza e sensualidade estão muito mais nas atitudes do que mostrar algumas partes do corpo. Acho muito lindo um minivestido, um decote, mas tem coisas que eu acho que não combinam mais comigo. Não uso mais barriga de fora porque eu não acho chique, não acho elegante. Eu acho que barriga de fora só na praia (risos).

Você tem uma atenção especial para a linha de criação de calças da sua grife. Fale um pouco sobre isso.
A primeira vez que falei sobre isso saiu na mídia que eu queria criar calças para mulheres de bumbum grande. Foi a coisa mais bizarra que li na minha vida (risos). Por exemplo, você pega a padronização americana das calças e vê que ela tem o cós largo e a perna fina. Não se trata de bumbum, trata-se de a mulher brasileira ter medidas maiores da cintura para baixo que as americanas. As brasileiras têm mais coxa, mais panturrilha. Minha preocupação era para adaptar as calças para o nosso público.

Como você se sente quando se veste de Maya?
Eu me sinto muito linda mesmo, mais pelos adornos. Toda mulher gosta de se preparar e as indianas têm isso dentro delas. Estar bonita não é só pela vaidade, é também para reverenciar a Deusa Lakshmi. Então existe todo um porquê, algo maior para você estar enfeitada. Eu me sinto muito bonita de Maya. É óbvio que isso tem mexido um pouco na minha maneira de me vestir, porque eu passo tanto tempo com tantas joias e maquiagem que na vida real eu tenho ficado um pouco mais clean, tenho usado brincos menores porque eu já passo muito tempo adornada durante as gravações, mas eu acho divino.

Você chegou a declarar que você mesma faz a sua maquiagem. Com quem você aprendeu?
Durante muitos anos eu fiz aulas de desenho e eram aulas com grafite, então é um trabalho que você tem que esfumaçar. É muito parecido com o trabalho de um maquiador, tem que ter a mão firme. Fora isso, eu sou muito observadora. Na época que eu era modelo eu ficava observando como que os profissionais ficavam fazendo seus trabalhos com o pincel, quais os critérios que eles estavam usando. Eu sou bem chata e bem criteriosa, enquanto meu traço não fica perfeito eu não sossego.

Quanto tempo em média você dedica somente para maquiar os olhos?
Eu já estou tão acostumada que eu não levo tanto tempo não. Eu levo uns 50 minutos para ficar 100% pronta, cabelo e maquiagem, porque enquanto estão fazendo meu cabelo eu estou fazendo a minha maquiagem. Já estou acostumada com o povo puxando meu cabelo e eu voltando com o corpo para fazer a maquiagem (risos).

O que você pretende fazer depois da novela?
Eu quero viajar e descansar bastante.

Antes de falar sobre o término da novela, você prefere que a Maya fique com o Raj ?
Essa pergunta não existe para mim, até porque não seria bacana se eu respondesse e eu também estou muito dividida, não por mim, mas pelo trabalho em si. Existe um planejamento em novela, um desenho que a trama segue, que depende da resposta da plateia, e ela está dividida. Eu, como parte integrante do espetáculo, também fico dividida, não consigo tomar partido. Quero que as pessoas fiquem felizes com o final da novela e eu não sei o que vai deixar o povo feliz.

Você pretende ficar fora do ar quando a novela terminar?
Eu pretendo, porque já faz um tempo bem grande que eu estou exposta na mídia. Eu realmente temo que as pessoas estejam de saco cheio de olhar pra mim (risos). Em outubro eu pretendo viajar para conferir novas tendências para minha grife, depois viajarei com minha família e depois com o meu marido.

E sobra tempo para um bebê?
Ainda não. Por mim eu já estaria grávida agora, mas ainda quero um tempo maior para curtir, viajar e não ter outras preocupações, porque eu tenho trabalhado ininterruptamente há muito tempo e eu realmente preciso de um descanso, assim como as pessoas precisam de um descanso de mim (risos).

O que você acha do preconceito contra homossexuais?
Acho uma atitude tão besta e muito pequena. Afinal, o mundo é feito de pessoas diferentes em todos os sentidos. O ser humano tem que saber viver com as diferenças e respeitar o próximo, não só pela sua opção sexual (sic), mas pela raça, condição social, intelectual.

Qual a sua opinião da adoção por casais gays?
Família se constitui por amor e existe amor entre iguais. Para mim, um casal gay tem a mesma condição de criar e educar uma criança que um casal heterossexual.

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