122 homossexuais e travestis foram assassinados no Brasil em 2007, um a cada três dias. Um aumento de 30% em relação ao ano anterior (do total de mortos, 70% eram gays, 27% travestis e 3% lésbicas).
Os dados acima fazem parte do relatório anual do Grupo Gay da Bahia (GGB). De acordo com a pesquisa feita pela entidade, a Bahia é pela primeira vez o estado mais violento: foram 18 assassinatos. O Nordeste é a região mais perigosa: um gay nordestino corre 84% mais risco de ser assassinado do que no Sul e Sudeste. A maioria das vítimas tem entre 20 e 40 anos. Quanto aos assassinos, 80% são desconhecidos e 65% são menores de 21 anos. O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos, com mais de 100 homicídios por ano, seguido do México com 35 e Estados Unidos com 25.
Realizado anualmente desde 1980, o relatório indica que, de 1963 a 2007 foram documentados 2802 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, concentrando-se 18% na década de 80, 45% nos anos 90 e 35% (972 casos) a partir de 2000. Somente nos três primeiros meses de 2008 já foram registrados 45 homicídios de gays no país. “Este ano a violência homofóbica está ainda mais preocupante”, diz Luiz Mott, fundador do GGB e responsável pela coleta de dados. “Enquanto nos Estados Unidos são mortos 25 gays por ano e 35 no México, no Brasil anualmente são assassinados mais de uma centena. Um verdadeiro ‘homocausto´”, compara o antropólogo.
Ainda segundo o GGB, as lésbicas, como nos anos anteriores, raramente ultrapassam 3% das vítimas. “Embora outras pesquisas revelem que elas sofram maior violência física e constrangimento moral dentro de casa, são muitíssimo menos assassinadas que os homens gays e travestis”, destaca Mott.
O presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, aponta três soluções imediatas contra os crimes homofóbicos. “Primeiro, ensinar à população, sobretudo os jovens, a respeitar os direitos humanos dos homossexuais. Depois, exigir que a polícia e Justiça punam com toda severidade a homofobia e, sobretudo, que os próprios gays e travestis evitem situações de risco, não levando desconhecidos para casa, evitando transar com marginais, denunciando e gritando quando ameaçados”, sugere o ativista.
O GGB disponibiliza em seu site o texto “Gay vivo não dorme com o inimigo”, ensinando como evitar ser a próxima vítima.