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Governo Dilma assume agenda fundamentalista

Em maio de 2011 a presidenta Dilma Rousseff (PT), após pressão da Bancada Fundamentalista, vetou o projeto pedagógico Escola Sem Homofobia. Ao dar entrevista piorou a situação ao dizer que não seria permitido a “propaganda de nenhum tipo de opção sexual”, além de se revelar desinformada, ao utilizar o termo “opção sexual”, transformou algo que poderia ser o primeiro passo para um combate a violência estudantil em “propaganda” de sexualidade.

À época a comunidade LGBT e o movimento social ficaram atônitos com tal postura daquela que ao tomar posse disse que seria a presidenta dos Direitos Humanos. Porém, parte do movimento resolveu se acalmar e deu uma segunda chance, mas os sinais indicavam que a coisa poderia ficar pior. O primeiro deles seria a ausência da presidenta na II Conferência Nacional LGBT, onde mandou ministros para representá-la que foram enxovalhados pelo movimento social, que cumpriu o seu papel e esfregou na cara do governo toda a sua homofobia e sexismo estatais.

Porém, como diz o ditado “sempre pode ficar pior”. Nesta semana que se encerra o governo federal perdeu qualquer vergonha na cara e assumiu publicamente que a sua agenda é a dos fundamentalistas. Primeiro é uma ordem do gabinete presidencial que mandou suspender a veiculação da campanha gay de prevenção para o carnaval 2012; depois foi o ministro Gilberto Carvalho que teve de se humilhar e pedir desculpas públicas a bancada fundamentalista por conta de uma fala sua no Fórum Social Mundial, onde pediu aos movimentos que batalhassem por um Estado Laico e fizessem enfrentamento ante o projeto teocrático dos obscurantistas. O ministro chegou a se classificar com um idiota; a ultima foi a reprimenda à ministra Eleonora Menicucci em plena cerimônia de posse, onde Dilma proibiu a ministra de continuar a falar do aborto e que tal demanda não faz parte da agenda do governo.

Todas estas atitudes da presidenta se deram após pressão da Bancada Fundamentalista: se o ministro não pedisse desculpas, o Congresso Nacional continuaria engessado; agradeceram publicamente a presidenta por ter acatado o pedido da bancada e vetar o vídeo gay da campanha de carnaval e agora pressionam a presidenta para que de um chegue pra lá em Menicucci. Atendendo a todos os pedidos dos fundamentalistas o governo federal  assume de vez que a sua agenda está pautada pelos votos do Congresso Nacional e pelos fundamentalistas. Assim, Dilma Rousseff enterra todo o seu belo discurso na posse e também o discurso, que muitos consideraram histórico, na ONU.

Mas, Dilma nada mais faz do que cumprir documento assinado em campanha, onde se comprometeu com os setores evangélicos a não tocar nenhum assunto “polêmico”, porém, ao trair a sua própria historia, a presidenta abre mão de um projeto de sociedade progressista e e faz com que as normas fundamentalistas corram de vento em polpa, assim, Dilma faz valer a pecha de que as pessoas favoráveis ao aborto “são monstros frios”, permite que os homossexuais continuem a serem vítimas do discurso de ódio dos pastores, que inflam corações e faz com que o país como um todo vivencie um surto homofóbico e sexista.

Projetos de sociedade em disputa

Que o governo federal se ajoelhou aos Fundamentalistas está claro, agora, é preciso pensar estratégias para barrar tal avanço que ainda pode significar um retrocesso sem precedentes no que diz respeito aos direitos e políticas em torno gênero. Assistimos um filme terror, pois, nas eleições de 2010 tanto Serra (PSDB) quanto Dilma beijaram as mãos dos obscurantistas, criticaram o PLC 122, que visa tornar crime a homofobia, viraram cristãos e declararam que nenhuma mulher pode ser a favor do aborto. Se José Serra fosse o presidente, a situação não seria diferente.

PSDB e PT são as principais forças políticas do Brasil e ambos os partidos, a cada dia que passa que se descaracterizam enquanto espaços para debate a respeito de um projeto de sociedade para se tornarem meras máquinas eleitorais, sem qualquer tipo de compromisso ideológico, a não ser com o Mercado Financeiro e com os setores que rendem votos. A crise é profunda e só tende a piorar, basta nos debruçarmos sobre o cenário político instalado na capital paulista, onde o PT, depois de passar 8 anos fazendo oposição ao projeto Serra/ Kassab, almeja se aliar com o PSD, partido criado por Kassab.

O momento que eclode no cenário político brasileiro pode ser interessante para se repensar as maneiras de se fazer política. Os partidos políticos ainda dão conta da demanda da sociedade? Qual é o tipo de dialogo que ainda existe entre sociedade e agremiações políticas? O momento deve servir para uma ressignificação dos partidos e seus discursos. Também é o momento de juntar todos os descontentes e dar novo gás ao tema da Revolução e Subversão, só assim conseguiremos avançar sobre os setores conservadores/ obscurantistas, caso contrário todos os sujeitos que não se enquadram no discurso higienista e fundamentalista continuarão criminalizados e alijados da “sociedade de bem”.

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