A identificação de uma nova bactéria (Staphylococcus aureus) e sua associação aos gays causou pânico e revolta em muitos homossexuais em todo o mundo esta semana. Em comunicado hoje, entretanto, o CDC (Departamento de Controle de Doenças dos EUA) afirmou que, ao contrário do que vem sendo divulgado, a contaminação pela MRSA USA 300 não atinge apenas gays.
Na nota, o CDC também ressaltou que a pesquisa feita pela equipe do doutor Binh Diep, da Universidade da Califórnia, que apontou a disseminação da bactéria majoritariamente em gays, foi realizada apenas em áreas com reconhecida predominância GLS e, assim sendo, seus resultados não refletem a real situação no que diz respeito ao contágio.
“A ocorrência do MRSA foi identificada majoritariamente em homossexuais, mas também foi encontrada em homens heterossexuais. O grupo estudado tem características que facilitam a disseminação da bactéria devido ao contato com a pele”, explicou o comunicado.
A pesquisa em questão será publicada na edição de fevereiro da revista “Annals of Internal Medicine” e tem por objetivo principal, segundo Diep, alertar sobre a possível disseminação da bactéria por toda a população estadunidense.
“Como a bactéria pode ser transmitida por contato com a pele, estamos preocupados com uma possível propagação na população geral”, relatou o médico.
Ainda segundo o estudo, já foram registrados casos da infecção em São Francisco, Boston e Nova Iorque. "A incidência geral da infecção resistente a remédios múltiplos em São Francisco foi de 26 casos por cada 100 mil pessoas. A incidência foi mais alta em oito áreas de código postal contíguas, onde há uma proporção mais alta de casais masculinos homossexuais”.
O CDC desmente a conclusão da pesquisa: “MRSA é transmitida geralmente pelo contato da pele em diversas atividades, inclusive o sexo. Não há provas que a MRSA seja transmitida exclusivamente por meio do sexo”.
O que é?
A Sarm é uma bactéria comumente associada a infecções hospitalares, mas existem casos de infecções fora do âmbito hospitalar. Caso ocorra na pele, pode causar ferida e inchaço. Se penetrar o corpo, pode causar pneumonia, doenças cardíacas e septicemia. A transmissão pode se dar pelo toque. Há registros de infecções nos glúteos e nos genitais.
A bactéria não é nova. Era freqüente em infecções hospitalares e tende a ocorrer em pessoas mais debilitadas como idosos e doentes em cuidados especiais. Segundo explicou a médica Cristina Costa, coordenadora do Programa de Infecções Hospitalares Multirresistentes da Direcção-Geral da Saúde, ao jornal Correio da Manhã, de Portugal, a população gay por ser “imunodeprimida e com mais lesões cutâneas”, está mais propícia ao contágio.