No dia 31 de julho, Dimitri Salles mudou de endereço. Saiu da Coordenadoria dos Assuntos da Diversidade Sexual (CADS), onde atuava como consultor jurídico, para encarar uma nova missão: assumir um novo setor dentro da Secretaria de Justiça, mais especificamente na Assessoria de Defesa da Cidadania.
Em entrevista exclusiva ao A Capa, Dimitri contou que será o responsável pelas questões LGBT no Estado de São Paulo. A diferença do trabalho em que fazia na CADS, é que este é não será mais um trabalho de ponta e sim estrutural. Por isso, ele comemora "ainda que não seja uma coordenadoria, o governo abriu portas para políticas de combate a homofobia".
Na entrevista que você confere a seguir, Dimitri Sales fala sobre os primeiros passos que serão dados no novo espaço da Secretaria de Justiça. Conta também que as propostas aprovadas na I Conferência Estadual GLBT de São Paulo serão analisadas para, assim, se fazer um mapa para aplicá-las. "É um primeiro passo pós-conferência", disse Sales sobre a criação do espaço LGBT na Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo.
Qual será o primeiro passo deste espaço LGBT criado na Secretaria?
Bom, como fui empossado na véspera da Conferência Estadual de Direitos Humanos, a nossa primeira missão será trabalhar em cima disso: na organização, dar um suporte e, claro, com um foco nas questões LGBT. Depois da Conferência, aí sim iremos sentar e construir um mapa sobre as questões mais urgentes e locais. Vamos analisar as propostas que foram aprovadas na I Conferência Estadual GLBT e ver o que é possível aplicar. Esse será um trabalho feito junto com as outras secretarias, pois há propostas para a educação, saúde, segurança etc.
Explique para os leitores como funcionará esse trabalho dentro da Secretaria de Justiça.
Vou trabalhar na Assessoria de Defesa da Cidadania, órgão que funciona dentro da Secretaria de Justiça. A diferença do meu trabalho atual para o que eu fazia na CADS é que na Coordenadoria eu fazia um trabalho de ponta: dava suporte jurídico, acompanhava as pessoas nos processos, ou seja, era um trabalho mais de monitoramento. Agora com o governo estadual será diferente, primeiro porque abrange todo o estado paulista, então, além dos primeiros passos que já falei que iremos fazer, vamos trabalhar pelo fortalecimento da DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), e o programa DST/AIDS estadual.
A que você credita a sua transferência para o governo estadual?
Sempre tive um bom diálogo com a Secretaria de Justiça, também acredito que seja pelo acúmulo do meu trabalho na CADS, que eu já sinto saudades, também pelo meu trabalho realizado no Centro de Referência, em seus núcleos jurídicos.
Isso seria um passo para a criação de uma CADS Estadual?
É uma expectativa, um primeiro passo do governo. Não é a criação da CADS, mas é um passo para a formalização.
O que podemos esperar deste novo espaço do governo estadual?
O mais importante é perceber que, ainda que não seja uma coordenadoria, o governo abriu uma porta, um espaço para criarmos políticas estruturais. Ampliamos e saímos do município, esse é um grande salto. A Secretaria [de Justiça] se compromete a combater a homofobia no Estado de São Paulo.