Jogador Nahuel Guzmán denuncia o impacto do grito discriminatório nos estádios e cobra ações efetivas para proteger o futebol e a comunidade LGBTQIA+
Faltando menos de um ano para a Copa do Mundo de 2026, que terá jogos realizados no México, o grito homofóbico segue como uma chaga difícil de ser erradicada nos estádios de futebol. O goleiro argentino Nahuel Guzmán, do Tigres, tem sido uma voz ativa contra essa prática discriminatória, que não só fere a diversidade e a comunidade LGBTQIA+, mas também prejudica a imagem do futebol mexicano no cenário internacional.
Em recente partida contra o Necaxa, Guzmán foi alvo do infame canto de “¡eeeh, pu…!” por parte dos torcedores adversários durante saques de meta. Esse grito, que expressa homofobia e machismo, já foi alvo de multas pesadas e até ameaças de suspensão de jogos pela FIFA, mas continua persistindo, mostrando que as campanhas e protocolos atuais não têm sido suficientes.
Um problema que ultrapassa o campo
O grito homofóbico vai além do insulto a um jogador específico. É um reflexo das estruturas de preconceito que ainda permeiam a sociedade mexicana, incluindo racismo, sexismo e classismo. Conforme apontado por especialistas, tais expressões não são neutras; elas estigmatizam a comunidade LGBTQIA+ e associam a homossexualidade a algo pejorativo, alimentando a misoginia e o machismo.
Apesar das tentativas da Federação Mexicana de Futebol (FMF) em aplicar um protocolo que prevê a suspensão temporária do jogo e até a expulsão de torcedores, a reincidência do grito homofóbico mostra que as medidas têm caráter punitivo, mas pouca eficácia educativa. A comunidade LGBTQIA+ e seus aliados clamam por ações que promovam consciência e respeito, não apenas punição.
Urgência de mudanças para a Copa 2026
Com 13 partidas confirmadas no México para o Mundial, distribuídas entre a Cidade do México, Monterrey e Guadalajara, a necessidade de enfrentar o grito homofóbico é urgente. Guzmán pede que as lideranças do futebol colocam “os ovos na mesa” e adotem decisões firmes para erradicar essa prática nociva.
O goleiro, conhecido por seu ativismo social, com luvas que lembram causas como a Memória, Verdade e Justiça e movimentos feministas, destaca que o problema não é apenas individual, mas estrutural e que o momento é crucial para a transformação cultural do futebol mexicano rumo a um ambiente inclusivo e respeitoso.
Por um futebol que acolhe e representa
Mais do que uma questão esportiva, a luta contra o grito homofóbico é uma luta por direitos humanos, dignidade e representatividade. O futebol pode — e deve — ser um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Para isso, é fundamental que as autoridades, clubes e torcidas unam forças para derrubar preconceitos e construir uma cultura de respeito e inclusão.
Enquanto isso não acontece, as vozes de atletas como Nahuel Guzmán são essenciais para denunciar o que ainda precisa ser vencido e para inspirar mudanças profundas que garantam que a Copa do Mundo 2026 seja uma celebração da diversidade e da paixão pelo futebol, livre de discriminação e violência.