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Grupo fará Marcha do Orgulho Hétero; saiba por que isso é uma vergonha

Um grupo de cerca de 20 pessoas fará no dia 30 deste mês A Marcha do Orgulho Hétero em Ipanema, Rio de Janeiro. O organizador Nélson Couto nega que se trata de um evento homofóbico e diz que é uma mera brincadeira.

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"Estamos preocupados com a concorrência desleal e com o nosso risco de extinção", declarou ele, que diz que os héteros estão ficando sem espaço e que não aceita homens malhados.

É preciso frisar, todavia, que a formação de manifestações de Orgulho não tem relação apenas com o sentimento lógico de se sentir confortável com a pessoa que se é. Mas que se trata de uma resposta política a uma história de preconceito, cuja "cultura" diz que a homossexualidade é um comportamento "errado" e que tais pessoas são excluídas e vítimas de agressão.

Ou seja, diante de apontamentos diários de que ser LGBT é "pecaminoso", "nojento", "vergonhoso", "anormal" e "desviante" surge a resposta de que não há nada de errado nisso. Ao contrário, tal orientação sexual e identidade de gênero – que historicamente foram rechaçados – são motivos de… "Orgulho".

Agora, me responda, por qual motivo uma pessoa que já goza de privilégios e valorização precisa reafirmar o sentimento de orgulho perante a sociedade? Por quais direitos essas pessoas lutam referentes à própria orientação sexual? Por quais preconceitos elas passam e vivenciam pelo simples fato de serem héteros cisgêneros? Em qual data histórica eles se inspiram para esta manifestação?

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Falar sobre "orgulho hétero" – e que volto a frisar, não se trata da questão lógica de se sentir confortável com a própria orientação sexual – é o mesmo que minimizar o preconceito e se vitimizar com as regras do jogo na mão, além de querer organizar uma data para mostrar e exibir a "supremacia", privilégios e preconceitos. Muitas vezes, é um "orgulho de não ser gay", haja vista às comuns declarações: "Sou hétero, graças a Deus". 

Vamos nos questionar: A palavra "hétero" entra na lista de ofensas e de ridicularização? Héteros precisam se assumir para a família e a sociedade, correndo o risco de sofrerem reprovação, violência e expulsão por serem quem são? Héteros são perseguidos na escola por alunos e professores pela orientação sexual? Héteros sofrem piadinhas dentro do trabalho por serem héteros? Héteros precisam brigar para ter o direito ao casamento, a adoção? Precisam ter discrição ao seu modo de ser ou de demonstrar o seu afeto na rua? Héteros já tiveram que lutar para sair do livro de doenças? Héteros comemoram quando há um beijo hétero na TV? (…) Por fim, héteros são mortos por serem héteros?

Em uma charge, o cartunista Arnaldo Branco mostrou um homem segurando o cartaz "Orgulho Hétero", enquanto outro questiona: "Por que, é muito esforço?". É por esse motivo que a iniciativa de Orgulho Hétero não passa de um sentimento de ameaça frente a um grupo tido como minoria que quer direitos igualitários e menos exclusão. Ou seja, uma iniciativa homofóbica maquiada de brincadeira. Na verdade, uma vergonha.

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