O Grupo Gay da Bahia (GGB) resolveu se manifestar contra as declarações do governador do Mato Grosso do Sul (MS), André Puccinelli, do PMDB, que declarou que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, é um "viado fumador de maconha" e que o estupraria em praça pública.
"Vamos mandar uma carta de protesto para o gabinete dele [André Puccinelli] amanhã, na qual sugerimos que ele promova ações contra o preconceito em seu Estado", disse ao G1, o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira. "Seria a única forma de ele se redimir dessa pisada de bola gigantesca."
Segundo Marcelo, as declarações do governador só aumentam a homofobia que existe em boa parte da nossa população. "Chamar alguém de viado é o procedimento mais comum quando se quer agredir o outro", ressaltou.
"Os homossexuais são agredidos e mortos brutalmente por causa de exemplos como esse. O governador não teve a compostura que se espera de um chefe de Estado, personalidades como ele deveriam ser responsáveis por dar o exemplo".
Grupo Arco-Íris
O Grupo Arco-Íris de Cidadania, do Rio de Janeiro, também se manisfestou contra as declarações do governador. "Nossa organização entende que todo o tipo de divergência político-administrativa deve ser solucionada de forma pacífica e sem ofensas de baixo calão, como ocorrido na manhã do dia 22 de setembro deste ano.
Chamar o Ministro do Meio Ambiente de ‘viado e fumante de maconha” e declarar que ‘o estupraria em praça pública’, no mínimo deve ser considerado como quebra de decoro. A conduta homofóbica do referido governador deve ser enquadrada pelo Ministério Público nos crimes de injúria, calúnia e difamação. Carlos Minc é um Ministro de Estado e deve ser respeitado como tal."
Assinada por Gilza Rodrigues, presidente do Grupo, a nota reivindica a retratação pública do governador André Puccinelli.
ABRAGAY e ABGLT
A ABRAGAY (Associação Brasileira de Gays) considerou desrespeitosa e inoportuna a atitude de André Puccineli, ao se referir ao Minc como "viado".
"O Ministro Minc é um fervoroso simpatizante da luta de LGBT por direitos e cidadanias. A utilização da referência pejorativa aos homossexuais com fins ofensivos somente coloca em dúvida as intenções de um estado que acaba de elaborar um Plano Estadual de Enfrentamento das DST-AIDS entre Gays, HSH e Travestis, onde se propõe, entre outras ações, a combater a homofobia e a transfobia, como fatores de vulnerabilidade dessa população à doença".
Em nota, Marcos Trajano, presidente da Associação, afirmou que um homem que declara publicamente "que estupraria alguém em praça pública como forma de provar sua não homossexualidade – e a homossexualidade do outro – ou como manifestação de força para se conseguir o que quer não merece estar à frente de um estado tão carente de políticas públicas".
Já ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) enviou uma carta aberta ao governador solicitando que seja feita o mais rapido possível uma retratação pública.
"Sabemos que na hora do nervosismo às vezes queremos agredir, mas, se sua declaração foi reproduzida fielmente pelos meios de comunicação, o senhor foi infeliz, ao utilizar-se de um termo denotando a homossexualidade como forma de menosprezar outra pessoa. Desta forma, o senhor reforçou o preconceito à homossexualidade, atitude pouco condizente com o decoro de um político do naipe do senhor.
Neste sentido, seria importante que o senhor explicasse o acontecido e deixasse claro, publicamente, que não tem preconceito contra os homossexuais", afirmou Toni Reis, presidente da ABGLT.
