Para zilhões de internautas ao redor do mundo, a imagem colocada na home da página do "Google" nesta terça-feira (06) pode ser uma incógnita: uma mulher morena, com pinta de latina, flores na cabeça e uma expressão forte e masculina. Para muitos outros, porém, a imagem é um ícone conhecidíssimo: trata-se da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954), que marcou seu espaço na história da arte mundial. Além, é claro, de ter se declarado bissexual.
Embora fosse estudante de desenho, a entrada definitiva de Frida no mundo das artes se deu aos 18 anos, após um terrível acidente que quase acabou em tragédia: um desastre de trem contra um bonde terminou com um pára-choque atravessando a pélvis e o sexo de Kahlo. Por causa do acidente, ela passou muito tempo de cama, e começou a pintar ainda deitada.
A partir dali, iniciou-se a obra de Frida, caracterizada por temas folclóricos mexicanos, regionalismos e muitas cores, vivas e berrantes – um estilo que seria sua marca, citada depois em outras obras, como a música "Esquadros" (1992), de Adriana Calcanhoto: "Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores…"
Apesar de sua evidente energia masculinizada, Frida se casou em 1929 com o colega artista plástico Diego Rivera. O casamento foi peculiar: ele tinha casos com mulheres, e ela com homens e mulheres. Curiosamente, Diego aceitava os romances lésbicos dela, mas não gostava quando ela se envolvia com outros homens.
Os dois se separaram e depois se casaram novamente, mas nunca tiveram filhos – ela não conseguia conduzir nenhuma gravidez, devido às sequelas do acidente. A atormentada pintora cometeu algumas tentativas de suicídio, até que de fato foi encontrada morta em 13 de julho de 54 – poucos dias após completar 47 anos. A causa oficial foi embolia pulmonar, mas há quem acredite em suicídio ou assassinato – ela teria sido envenenada por uma das amantes de seu marido.
Em 2002, o filme "Frida" contou a vida da artista, interpretada pela também mexicana Salma Hayek.
A importância da obra de Frida Kahlo segue intacta ao longo dos anos. Suas imagens fortes e marcantes, algumas vezes rotuladas como "surrealistas", em outras identificadas com a cultura indígena mexicana e símbolos da mitologia asteca, permanecem enraizadas na cultura pop, influenciando diversos artistas – muitos deles, gays – como Pedro Almodóvar e David LaChapelle.