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“Há psicólogos que desenvolvem técnicas para curar gays”, diz Mauricio Brasil do CRP – Bahia

Durante a Conferência Nacional GLBT inúmeras atividades aconteciam paralelamente às mesas e aos Grupos de Trabalhos. Uma delas foi o lançamento da cartilha "Adoção: um direito de todos". Edição realizada pelo Conselho Federal de Psicologia e a Comissão Nacional de Direitos Humanos.

Na ocasião, Mauricio Brasil, do Conselho Regional de Psicologia – Bahia e responsável pelo GT de Combate a Homofobia do mesmo, estava lá para divulgar o material em questão. Aproveitamos e conversamos com ele a respeito da publicação, que ele disse ser "fruto de uma demanda solicitada pelo CFP, uma demanda do movimento LGBT".

A conversa acabou por se estender para além da questão de adoção e família homossexuais. Mauricio revelou ainda existir psicólogos que praticam a re-orientação sexual, "muitos psicólogos ainda trabalham com essa noção (homossexualidade como doença)".

Qual a intenção dessa cartilha?
Essa cartilha foi lançada no Conselho Federal de Psicologia. São sete artigos científicos escritos por psicólogos falando sobre a problemática da adoção de crianças por homossexuais. Ela desconstrói muitos, esteriótipos de qual lar seria mais adequado para o desenvolvimento da criança. É uma forma de combater o preconceito em relação à adoção.

Os artigos partem de que dados?
Fizeram uma pesquisa a partir de casais que adotaram crianças. A partir da prática é que você realiza o estudo. Por exemplo: tem artigos que tratam do tema "por que os homossexuais decidem ter filhos?" E isso é algo ainda muito questionado. Por que os homossexuais querem adotar uma criança? Constituir uma família? Para reproduzir o padrão de vida heterossexual? E há também o aspecto jurídico, no caso, a adoção por pais homossexuais (homoparental).

De onde surgiu a idéia?
Essa cartilha é fruto de uma demanda solicitada pelo CFP, é uma demanda do movimento LGBT. E essa é a segunda ação do Conselho, a primeira foi em 1999, quando deixou de considerar a homossexualidade como doença e proibir qualquer psicólogo de tratá-la como tal. E a cartilha, como segunda ação, vem mostrar o seu comprometimento (do CFP) a causa LGBT.

Ainda há psicólogos que tratam a homossexualidade como doença?
Muitos psicólogos ainda trabalham com essa noção. Principalmente os fundamentalistas religiosos. No Rio de Janeiro tem casos de psicólogos sendo processados por fazerem terapia de re-orientação sexual. Em São Paulo há psicólogos desenvolvendo técnicas para curar gays.

Você poderia citar algum?
Rozangela Justino. Ela tem uma série de artigos que é possível a cura da homossexualidade. Ela faz esse tipo de clínica.

Não há nenhum tipo de ação do Conselho Federal contra ela?
Já há uma série de processos éticos no Conselho Regional ao qual ela pertence. Só que ela tem uma série de psicólogos que a defendem. Ela tem uma rede apoio. Portanto, é algo que tem que ser resolvido a partir do Conselho Federal.

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