Outro dia, no metrô, vi um rapaz (gay) conversando entusiasmadamente com sua amiga sobre a novela “Caminhos da Índia”. Dizia ele que iria para a Índia, onde seria considerado uma deusa, reportando-se ao fato de que neste país existem os hijras, que na tradição indiana não são homens e nem mulheres, mas um sexo intermediário. Bom, considerando que novela é algo bastante superficial e nem sempre mostra a realidade como ela é, vamos aos fatos….
Os hijras, originalmente, constituem a classe dos eunucos, ou seja, são em sua maioria castrados e formam um grupo de cerca de 1,2milhões de homens. Na Índia antiga, eram bem aceitos socialmente, hoje a realidade é outra, ficando às margens da sociedade, muitas vezes ganhando a vida com prostituição e mendicância.
Os eunucos existiram em várias sociedades antigas, mas só na Índia eles ainda existem e formam uma classe bem definida. A castração pode ocorrer de forma voluntária, mas algumas vezes ela é feita de forma bárbara, com o menino ainda pequeno, em rituais violentos onde o pênis e os testículos são arrancados com golpes de faca e os ferimentos cauterizados com uma barra de ferro em brasa. Com menos testosterona, alguns acabam ficando com características mais femininas.
Porém, nem todos os hijras foram castrados, alguns nasceram com anomalias nos órgãos genitais, outros são hermafroditas e há também travestis e transexuais.
A maioria dos hijras pedem dinheiro em festas de casamento ou de nascimento de uma criança, invadindo o local, cantando e dançando, e pedindo uma contribuição para irem embora. Se atendidos, eles abençoam o casal ou o recém nascido. Se não recebem o que desejam, ameaçam mostrar as partes mutiladas ou amaldiçoam os donos da casa.
A tradição diz que os hijras tem poderes mágicos e poucos ousam não atender seus pedidos.
Não se sabe como novos hijras aparecem, mas há relatos de bebês que são sequestrados por eles, e de homossexuais e travestis que se juntam ao grupo.
Já em outra cultura antiga da América Nativa, a dos Lakotas (índios), havia uma pessoa chamada Ma-Ho, que significa ” Duas Almas”, podendo ser um homem com características femininas ou uma mulher com características masculinas. Eles eram vistos como o terceiro sexo e eram muito bem quistos pela tribo por se tratar de um dom raro e bonito.
Dons e diferenças culturais à parte, ficam aí algumas informações para nos enriquecer e para exercitar um pouco mais o amor que devemos acrescentar ao nosso olhar para o mundo.
Namastê!
Ahô!