Em abril, o casal Toni Reis e David Harrad, de Curitiba, fizeram história ao batizar seus três filhos na Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, região central da capital paranaense. O fato, considerado revolucionário, por se tratar do batismo de filhos de um casal homoafetivo em uma instituição tão conservadora quanto a Igreja Católica, surpreendeu a população e foi visto com bons olhos por católicos liberais.
Para comemorar o feito, Toni e David enviaram uma carta de agradecimento ao Papa Francisco, líder do catolicismo, e foi surpreendido com uma resposta do Vaticano.
Assinada pelo Monsenhor Paolo Borgia, assessor para Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, afirmando que o pontífice "viu com apreço" a carta do casal e finaliza desejando "felicidades" à família.
"(…) também o Papa Francisco lhe deseja felicidades, invocando para sua família a abundância das graças divinas, a fim de viverem constante e fielmente a condição de cristãos, como bons filhos de Deus e da Igreja, ao enviar-lhes uma propiciadora Bênção Apostólica, pedindo que não se esqueçam de rezar por ele", diz a carta do Vaticano.
Toni se disse surpreso pela receptividade da Instituição e afirma que "não esperava isso": "Mandamos um agradecimento ao papa, porque ele tem se mostrado muito querido, muito aberto a questões sociais. Queríamos só expressar nossa alegria ao sumo sacerdote, ao chefe da igreja, e tivemos essa grata surpresa. Estamos imensamente felizes".
"Agora, o papa está dizendo que somos uma família. Ele nos chamou de família. As pessoas têm o direito de dizer que não, mas a Igreja diz que somos. Esse reconhecimento, em tempos de fundamentalismo, é incrível", complementa Reis.
Desde sua inserção como líder da Igreja Católica, Francisco tem se destacado por posicionamentos considerados progressistas e contrários à dogmas conservadores que norteiam milhões de católicos há séculos.
O reconhecimento do Papa de uma família homoafetiva, se dá em um momento do avanço do conservadorismo no mundo, e significa um feito histórico. Um primeiro passo na luta contra o fundamentalismo religioso, como salienta Toni Reis.
Ao mesmo tempo, a Igreja Católica tem tratado de reconhecer "pecados" do passado, trazendo à tona polêmicas relacionada à postura de seus funcionários, como pedofilia e corrupção.