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Homofobia em universidades públicas vira reportagem de caderno jovem d’O Globo

Ah, a universidade! O que deveria ser um ambiente de debate, tolerância, intelectualidade, respeito e aceitação à convivência de idéias e modos de vida diferente às vezes vira palco de agressões, ofensas, ameaças e ataques homofóbicos. É o que mostra reportagem publicada ontem no caderno Megazine, do jornal O Globo.

Sob o título "Aulas de Intolerância", a matéria do jornalista Alessandro Soler traz histórias, depoimentos e relatos de jovens universitários que enfrentaram ou enfrentam preconceito e homofobia em suas vidas acadêmicas. A reportagem ganhou até destaque na capa do jornal.

João (nome fictício), que cursa pedagogia na Uerj, foi espancado por um colega durante um congresso estudantil ocorrido no final do ano passado na Universidade Federal do Maranhão. O rapaz e um grupo grande de heterossexuais defendiam idéias contrárias às do grupo do agressor. Apenas o estudante gay foi atacado, em meio a insultos homofóbicos.

“Ele começou a me xingar de ‘veado’. Não reagi. Mesmo assim ele disse ‘ Vou bater nesse veado’. Junto com um amigo, partiu para cima de mim. Ele me deu muitos socos no rosto, nas costas, na cabeça. Corri, mas ele veio atrás, socando muito. Só uma menina magrinha da Unirio se pôs na frente. Ninguém mais ajudou”, relatou.

Segundo o jornal, a polícia local também não foi de muita ajuda. Tão logo os seguranças da faculdade contaram o motivo da agressão, os policiais maranhenses foram embora. O estudante não registrou queixa e as universidades não se manifestaram sobre o ocorrido.

Agressões homofóbicas nem sempre vêm de outros alunos e nem sempre vêm na forma de socos e chutes. O mesmo João já teria sido discriminado por um professor. “Eu estava na mesa de apuração, na eleição da reitoria, em dezembro. Ele se aproximou e me disse que não achava legal eu mostrar meus trejeitos gays”.

A reportagem conta ainda a história de Marcos Visnadi, estudante de Letras da USP. Há dois anos, o rapaz foi cercado num ponto de ônibus por um grupo que o vira com o namorado. “Eles me xingavam. Eu tentava conversar mas não rolava. Aí começaram a bater com um pedaço de madeira ao meu lado. Milagrosamente, passaram guardas universitários, que os intimidaram e me levaram a outro portão. Cheguei a pensar em não contar nada, mas resolvi me expor. E conheci muitos outros casos. No começo, eu achava essas manifestações de ódio chocantes. Mas, depois que você as vive em ambiente diferentes, vê que são algo difundido”, afirmou o jovem.

A matéria relata ainda a existência de grupos GLBT criados dentro de algumas universidades e que até estes grupos são vítimas de homofobia. Bandeiras do orgulho gay queimadas, roubadas e integrantes dos coletivos sendo xingados e desrespeitados. No entanto, faz ressalva para o espaço de discussões que essas associações acabam criando. Exemplo disso é a criação da diretoria GLBT da UNE, do grupo Prisma, da USP, do coletivo Tear, na Federal de Tocantins e da agremiação GLBT da Faculdade Nacional de Direito.

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