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Homofobia gay

Entre os anos 60 e 70 se viveu grande liberdade sexual. Não havia tanta separação entre heteros, gays, dykes e coisas do tipo. Porém, veio a ditadura, mais tarde a Aids que devastou uma geração, estigmatizou a comunidade gay como promiscua, pois no começo da doença acreditava-se que apenas homossexuais teriam a "peste guei". Nos final dos anos 90 a Aids não tinha gênero e nem classe social preferidos.  

A Aids criou o pânico e um certo exagero quanto a forma de ser dos gays. Com a campanha homofóbica em torno da comunidade se criou um gueto profundo. Em contraposição a estética dos anos 60/70, nasceu a Barbie. Corpos bombados a mostrar saúde, um novo segmento e mais uma exclusão.

Basta ir aos grandes clubes noturnos para constatar. A idealização do "corpo perfeito" fincou-se e acabou por criar a homofobia da comunidade gay. Discriminados pela heteronormatividade, as gueis reproduzem todo um preconceito que deveria ser combatido. Pelo contrário, conseguem ser, boa parte delas, mais reacionárias que os próprios HTs.

Mesma realidade se dá no mundo político. Evangélicos e reacionários que se elegem com grande margem de votos não têm apenas votos de HTs, as beeshas também votam nesses caras. Assim, colocam no poder aqueles que irão atuar contra os nossos direitos. Trevisan tem razão quando diz que a comunidade gay tem "nível baixo de politização".

Se não, pensemos: nas últimas eleições tivemos cinco candidatos a vereadores assumidamente gays em São Paulo. Nas paradas temos, no mínimo, uns dois milhões de pessoas gueis. Com esse dígito deveríamos ter elegido todos os candidatos e ainda sobraria votos. E por que eles tiveram baixa votação? As bee não se interessam. Só o anabolizante importa. Depois, ficam reclamando, "ai ninguém faz nada por nós". O interesse tem que vir dos dois lados.

Escrevo com conhecimento de causa. Antes de ser jornalista, ou profissional da comunicação, iniciei a minha trajetória na política aos 17, pois naquela época constatei que enquanto homossexual deveria me armar de conhecimento para me defender de uma sociedade claramente homofobica, machista e racista. Em todos os encontros a que compareci nunca via mais que 30 pessoas gueis presentes.

Enquanto a comunidade LGBT está assim, digamos, dispersa, tanto os católicos quanto os pentecostais estão dando curso de politização e preparando pessoas para ocuparem cargos nas câmaras municipais, assembleias e senado. E nós continuamos a achar uó essas "pobres que vem de São Mateus para a Parada". Além de homofóbicas, são elitistas.

Vivemos a segunda fase da modernidade, talvez vivamos também uma segunda ruptura com os valores vigentes atuais. De uma certa forma já vivemos. Temos transexuais e travestis ocupando cargos e salas de doutorado. As gueis candidatas, beijamos mais nas ruas. Mas ainda é preocupante. A comunidade urge em acordar. Atentar-se em quem está votando. Se o partido está ligado a templos religiosos homofóbicos. Depois não adianta reclamar que paga imposto, ou dizer que as ativistas são chatas.

Se não temos quase nada em termos de direitos é por que os que lá estão não atuam em nosso favor, a comunidade gay está se lixando para política e muitas beeshas continuam a votar em padres e pastores. Países como Uruguai e Paraguai estão aprovando suas leis gays e são mais conservadores que o Brasil. Isso acontece por que os LGBTs de lá estão mais unidos e se juntam em blocos para pressionar os seus governantes.

É preciso matar a homofobia gay e encarar as gueis de outros níveis e grupos como iguais e não como uó, pobre, pão com ovo…

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