Em menos de um mês o Brasil foi palco de vários crimes homofóbicos: os garotos que foram agredidos com lâmpadas na Avenida Pauista; um que foi baleado pós Parada Gay no Rio de Janeiro; travestis e transexuais que foram baleadas e assassinadas nas ultimas três semanas e agora, pasmem, a Avenida Paulista foi palco de mais um ato covarde: dois jovens foram espancados por um grupo de skinheads, segundo descrição feita pelos rapazes.
E pra completar o cardápio homofóbico brasileiro, o Vox Populi solta pesquisa onde 70% da população se declara contra a adoção para casais gays e 63% dos entrevistados se declararam contra a união civil entre homossexuais. A questão que fica é: o direito de uma minoria deve ficar a mercê de uma maioria preconceituosa? Não, claro que não. Mas, tendo em vista o clima da ultima eleição, onde, inclusive a candidata que venceu, dificilmente teremos algum avanço na questão dos direitos LGBT.
A pesquisa do Vox Populi pode ser usada de duas maneiras: uma para o governo federal referendar a sua temeridade em aprovar questões homossexuais; mas, também pode ser usada de forma positiva: realmente temos que fazer algo por essa população, leia-se homossexuais, que não tem direito algum e ainda por cima é vitima cotidiana da intolerância sexista.
De volta à homofobia: o pior de tudo é que os ataques contam com o respaldo religioso, político, midiático e social. Na semana passada o jornal Folha de São Paulo soltou editorial declarando-se contra o PLC 122/ 2006, que visa criminalizar a homofobia em todo território nacional, reproduzindo o argumento dos religiosos mais obscurantistas: de que se pretende dar privilégios para uma parcela da população e que se ambiciona impor a mordaça gay em padres e religiosos e na sociedade como um todo.
Ora, privilégio? O que será que eles pensam ao saberem que jovens de 14 anos (Alexandre Ivo) são estrangulados, torturados e assassinados pelo simples fato de terem uma orientação sexual diversa daquela imposta pelas estruturas da sociedade? Privilégios quando se apanha pelo simples fato de estar de mãos dadas com o seu companheiro/a? É um acinte um dos principais jornais do Brasil defender em editorial que a criminalização da homofobia é um "privilégio". Bom, para um jornal que chamou a ditadura de "ditabranda", é de se esperar tal opinião.
Mas, ainda bem que temos outros meios de comunicação mais sóbrios: o jornal o Estado de São Paulo, o portal UOL, o jornal carioca O Globo, a Rede Globo com os seus programas de jornalismos, pois, não podemos ignorar a cobertura que o RJTV tem feito do caso Alexandre Ivo… Enfim, estes meios tem feito uma cobertura exemplar no que diz respeito à questão da homofobia e da necessidade de o Estado tomar providencias e não apenas criminalizar, mas atuar nos âmbitos da educação, saúde e segurança pública. É fato positivo constatar que cada vez mais opiniões de respaldo a homofobia se tornam vozes no deserto.
Em tempo: é de animar a postura da presidente Eleita Dilma Rousseff contrária ao apoio a ditadura aiatolá no Irã. Dilma declarou que enquanto mulher não pode apoiar um regime que apedreja mulheres e que viola os direitos humanos. Vamos torcer para que tal postura se mantenha, pois é inadmissível a posição permissiva do Brasil de apoiar um governo assassino de mulheres e homossexuais.