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Homossexuais reúnem-se em congresso pra discutir militância e apresentar estudos

No meio gay academia é o lugar onde as pessoas suam para ganhar corpos bonitos. Em um contexto menos "alegre" a palavra designa universidade, um lugar onde as pessoas vão para estudar e ter um corpão não faz parte das aspirações da maioria dos freqüentadores do local.

Ontem, alguns dos discursos apresentados no IV Congresso da ABEH – Associação Brasileira de Estudos da Homocultura – foram marcados por falas um tanto quanto acadêmicas. A maioria, no entanto, seguiu uma linha um pouco mais dinâmica.

O pequeno atraso com que começou o evento, realizado no Museu de Arte Contemporânea, o MAC – Ibirapuera, em São Paulo, não prejudicou o andamento das três mesas de discussões que faziam parte da programação do dia. A reunião serviu de palco também para o I Encontro Ibero-Americano de Militantes Homossexuais, onde estiveram presentes lideranças LGBTs de países como Espanha, Peru e Argentina.

Abertura
A mesa de abertura foi marcada pela presença e falas do advogado Dimitri Sales, representando a Secretaria de Justiça do Estado; Ana Tomé Diaz, do Centro Cultural da Espanha no Brasil; Horácio Costa, presidente da ABEH; e Perly Cipriano, representando a Secretaria Especial de Direitos Humanos e a Profª Drª Lisbeth Rebollo Gonçalves, diretora do MAC USP.

Direitos
A mesa programada para discutir direitos reuniu o juiz Fernando Grande-Marlaska, da Audiência Nacional da Espanha (equivalente ao Supremo Tribunal Federal), e a desembargadora Maria Berenice Dias.

Enquanto Marlaska falou sobre a aprovação das leis de união e adoção para casais gays. Berenice baseou-se na importância da Constituição Federal,  e atacou o fundamentalismo que "domina o nosso covarde legislativo".

Movimentos
Após uma merecida pausa para o almoço, por volta das 15h, deu-se início a mesa que discutia a trajetória do movimento homossexual. João Silvério Trevisan fez uma das falas mais inflamadas do dia. Traçou um paralelo entre o surgimento do movimento gay no Brasil e nos Estados Unidos. Ressaltou o fato de a militância ter nascido das esquerdas, sem deixar de chamar a atenção para a partidarização de alguns membros. Em um momento o escritor até emocionou-se.

A performática Claudia Wonder leu trechos de textos que estão em seu recém-lançado livro, "Olhares de Claudia Wonder". Em comum todos tratavam de sexualidade e jogavam luz ao tema preconceito contra transexuais.

Ativismo
A última mesa do dia contou com a presença de Toni Reis e Marisa Fernandes. O presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – fez um panorama sobre os avanços da comunidade gay alcançados nos últimos anos. Já a ativista feminista foi mais longe e trouxe dados de sua pesquisa sobre a (in)visibilidade lésbica em jornais brasileiros do início do século XX.

O evento acontece até a próxima sexta-feira (12/09) na FFLCH – a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Amanhã, dia 11, a partir das 19h30, a Casa das Rosas (Av. Paulista, 37) sedia um sarau de poesias com participações de escritores como Claudia Wonder, Claudia Monteiro, Rui Mascarenhas, Glauco Matoso, Gustavo Vinagre e Marcelino Freire. 

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