Entenda como o turismo pode abraçar a comunidade LGBTQIA+ com segurança e respeito, potencializando um mercado que cresce a cada dia
Em meio às celebrações do Mês do Orgulho, voltamos nosso olhar para um público que não apenas encanta pela diversidade, mas também representa uma força econômica significativa: os viajantes LGBTQIA+. Este segmento, que já corresponde a mais de 10% da demanda turística mundial e responde por cerca de 16% dos gastos totais na área, está em plena expansão, com perspectivas de dobrar até 2030. Isso torna urgente que o setor de hospitalidade compreenda suas expectativas e necessidades para conquistar sua lealdade.
Segurança: o alicerce para viagens livres e autênticas
Viajar deveria ser uma experiência de liberdade e prazer para todos, mas, para muitas pessoas queer, essa realidade ainda é distante. Pesquisa da Booking.com revela que 59% dos viajantes LGBTQIA+ já sofreram algum tipo de discriminação durante suas jornadas, com o impacto sendo ainda mais severo para pessoas trans e não-binárias. Essa vulnerabilidade gera uma expectativa negativa: mais da metade dos entrevistados (57%) teme enfrentar comportamentos discriminatórios na população local dos destinos escolhidos.
Essas inseguranças influenciam diretamente as decisões de viagem. Quase metade (43%) dos respondentes já cancelou planos ao perceber que o destino não apoia seus residentes LGBTQIA+. A escolha do local, portanto, vai muito além da beleza natural ou das atrações turísticas; envolve avaliar o ambiente social e legal para garantir acolhimento e respeito.
Destinos que acolhem e fortalecem a comunidade LGBTQIA+
O barômetro do Spartacus International Gay Guide, referência em segurança para turistas queer, indica países que se destacam pela proteção e acolhimento, como Canadá, Malta, Nova Zelândia, Portugal e Espanha. Esses são destinos preferidos por 57% dos viajantes LGBTQIA+, que buscam locais onde a presença queer já é reconhecida e valorizada.
Por outro lado, 43% optam por destinos onde sua visita pode ser um ato de visibilidade e contribuir para o avanço da aceitação social, mesmo que isso represente um risco maior. É um gesto de coragem que revela o desejo de transformação e inclusão global.
Desafios persistentes e responsabilidade do setor turístico
Infelizmente, não são todos os territórios que oferecem esse ambiente seguro. Países como Arábia Saudita, Irã, Afeganistão e Iêmen mantêm legislações e posturas hostis à comunidade LGBTQIA+. Na Europa, nações como Bulgária, Hungria e Eslováquia aprovaram recentemente leis que restringem direitos, refletindo um cenário complicado e por vezes perigoso para viajantes queer.
Diante disso, o setor de hospitalidade tem um papel fundamental: é preciso construir estratégias inclusivas que promovam a segurança, o respeito e a representatividade. Isso significa capacitar equipes, adaptar serviços e criar experiências que acolham verdadeiramente a diversidade.
Um mercado que cresce com diversidade e respeito
O potencial da clientela LGBTQIA+ é gigantesco, não apenas em números, mas em influência cultural e social. Investir em hospitalidade inclusiva não é apenas uma questão de ética, mas também de negócio inteligente. Ao entender e valorizar suas expectativas, hotéis, destinos e operadores turísticos podem estabelecer conexões profundas, fidelizando esse público e contribuindo para um turismo mais justo e acolhedor.
Seja oferecendo ambientes seguros, promovendo eventos temáticos, ou simplesmente garantindo que cada pessoa se sinta respeitada e representada, a hospitalidade inclusiva abre portas para um mundo onde todas as identidades têm espaço para brilhar.
