Em 1986, um coletivo de design inovador chamado House of Beauty and Culture (HOBAC) surgiu em Dalston, Londres, em um momento em que a área era considerada desolada e sem atrativos. Este grupo, composto por cerca de oito pessoas, destacou-se por sua abordagem não convencional à arte e ao design, criando sapatos, móveis, roupas, joias e arte a partir de materiais reciclados, uma escolha motivada tanto pela estética quanto pela necessidade financeira. O chão da loja era coberto por moedas soltas, simbolizando o humor em meio à precariedade financeira do coletivo.
Durante um período marcado pela crise da AIDS e pela administração de Margaret Thatcher, o HOBAC produziu peças que não apenas desafiavam as normas estéticas, mas também refletiam uma cultura queer rica e vibrante. Embora o coletivo tenha durado apenas alguns anos, sua influência foi imensa, inspirando designers renomados como Martin Margiela, que adotou a deconstrução em seu trabalho após visitar a loja.
Os membros do HOBAC incluíam John Moore, um designer de sapatos e fundador do coletivo; Judy Blame, uma estilista que contribuiu para álbuns de artistas como Neneh Cherry; e Richard Torry, que se destacou na malharia. Juntos, eles criaram peças que frequentemente pareciam instáveis, como móveis feitos de madeira recuperada que desafiavam as leis da física. Por exemplo, uma mesa feita a partir de uma placa de restrição de estacionamento e cadeiras que pareciam prestes a tombar, foram algumas das criações provocativas que capturaram a essência do espírito queer e da criatividade coletiva.
O trabalho do HOBAC e de seus membros é um lembrete da importância de preservar e celebrar a história queer, que muitas vezes é ignorada ou mal representada por instituições culturais. Há uma necessidade urgente de que museus como o Victoria and Albert e o Design Museum reconheçam e integrem essas narrativas em suas coleções, garantindo que as contribuições únicas dessa comunidade não sejam esquecidas. O passado do HOBAC é um testemunho da resistência e da sexualidade queer, mostrando como a arte pode ser uma forma de expressão vital em tempos de crise.
Em meio a um cenário contemporâneo de desafios sociais e econômicos, as lições e os legados de grupos como o HOBAC são mais relevantes do que nunca. Eles nos ensinam sobre a importância da colaboração, da criatividade e da celebração das identidades queer, fundamentais para a construção de um futuro inclusivo e vibrante. O impacto do HOBAC ressoa não apenas na estética do design, mas também na forma como entendemos a comunidade e a cultura queer como um todo.
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