Em um momento histórico para a Polônia, o primeiro museu LGBTQ do país foi inaugurado em Varsóvia, prometendo não apenas preservar a memória da comunidade, mas também desafiar preconceitos e lutar por direitos iguais. Localizado entre uma loja de roupas de segunda mão e um quiosque de kebab, o museu é gerido pela organização sem fins lucrativos Lambda e é o pioneiro em toda a Europa pós-comunista. O diretor Krzysztof Kliszczynski expressou sua alegria ao ver o projeto se concretizar, ressaltando que a iniciativa oferece uma linha do tempo rica em artefatos que documentam a luta dos LGBTQ na Polônia, desde o século XVI até os dias atuais.
Com uma estética minimalista, o interior do museu abriga cerca de 150 objetos que narram a história de ativismo da comunidade, frequentemente clandestina e marcada pelo medo da opressão. Durante a cerimônia de abertura, muitos ativistas históricos, como Andrzej Selerowicz, pioneiro do jornalismo gay na Polônia, compartilharam suas experiências. Selerowicz, agora com 76 anos, trouxe à tona memórias do passado, simbolizadas por uma foto de 45 anos atrás em que aparece ao lado de seu parceiro.
No entanto, apesar do avanço representado pela abertura do museu, ainda existem desafios significativos à frente. O clima político na Polônia, majoritariamente católica, continua a ser um obstáculo para a aceitação total dos direitos LGBTQ. Embora o partido no poder tenha se comprometido a legalizar uniões civis, a realidade é que, até agora, casais do mesmo sexo não possuem o direito de se casar legalmente ou de registrar suas parcerias. Especialistas da ONU expressaram preocupação quanto à lentidão das reformas relacionadas à proteção dos direitos LGBTQ no país.
Os ativistas estão determinados a mudar essa narrativa, afirmando que não estão mais dispostos a viver com medo de represálias ou ataques homofóbicos, especialmente em um espaço que agora representa vitória e resistência. ‘É hora de não ter mais medo’, declarou Kliszczynski, enfatizando a importância de lutar contra a discriminação e de promover a valorização da diversidade. O museu, portanto, não é apenas um espaço de memória, mas também um bastião de esperança para a comunidade LGBTQ na Polônia.