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Infiel

“Calma amor, não é isso que você ta pensando, eu posso explicar…”

Trocadilhos a parte, esse não é um post engraçado nem tão pouco fala de infidelidade no relacionamento. Na verdade é pra falar, e muito bem, da autobiografia de Ayaan Hirsi Ali, que leva o título de “Infiel – A história de uma mulher que desafiou o Islã”.

Certa vez vi esse livro na livraria e meu lado feminista ficou aguçadíssimo, mas ao mesmo tempo achei que demoraria anos pra ler aquelas 500 páginas de história, ou então. Mas eis que ele caiu na minha mão e eu o devorei em um mês. Com uma história totalmente revolucionária entre as mulheres islâmicas, a trajetória de Ayaan é de deixar o queixo de qualquer ocidental caído e horrorizado com as coisas pelas quais as mulheres muçulmanas são sujeitadas onde casamento arranjado pela família é pouco perto de estupros realizados pelo marido, espancamentos, vidas totalmente controladas e mutilações.

Muitas de nós já ouvimos falar nas mutilações realizadas no clitóris das garotas ainda crianças, prática conhecida também como circuncisão feminina ou clitorectomia. Ayaan sofreu a dela aos 5 anos de idade e o relatou da seguinte forma:

“Então o homem aproximou a tesoura e começou a cortar os meus pequenos lábios e o meu clitóris. Ouvi o barulho, feito de um açougueiro ai tirar a gordura de um pedaço de carne. Uma dor aguda, se espalhou no meu sexo, uma dor indescritível, e soltei um berro. Então veio a sutura, a agulha comprida, rombuda, a transpassar canhestramente os meus grandes lábios ensangüentados, os meus gritos desesperados de protesto, as palavras de conforto e encorajamento de vovó: “É só uma vês na vida Ayaan. Seja corajosa, está quase acabado.” Ao acabar a costura o homem cortou a linha com os dentes.” (pág. 59)

E qual o motivo disso tudo? Ficar pura até o casamento quando o homem irá penetrá-la até sangrar e naturalmente, doer horrores, pra mostrar à todos o lençol manchado de sangue provando a pureza da noiva e a honra de toda a família.

Por ai segue o horror baseado na fé, assim como toda religião que apela aos sacrifícios humanos e justifica erros alheios em nome de “Deus”, afinal sendo em nome dele fica difícil alguém contestar. Ayaan fez também um curta metragem chamado Submissão I, com o cineasta Theo Van Gogh, que foi assinado cruelmente na Holanda por conta do filme. Alias se alguém achar esse vídeo na Internet, me passa por favor, ok?

O livro vale muito a pena, é uma história um tanto quanto feminista, mas acima de tudo humana e corajosa nos mostra o quanto uma pessoa que passou por tantos maus bocados na vida pode vencer e lutar por um ideal.

Os preços variam de 33,50 a 49,00 reais na internet. Infiel – A História de uma mulher que Traiu o Islã
Companhia das Letras

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