Chanel Williams questiona se preconceito impediu drag queen de buscar ajuda para vício em cetamina
O falecimento do icônico drag queen The Vivienne, vencedor da primeira temporada do RuPaul’s Drag Race UK, trouxe à tona uma conversa urgente sobre o estigma em torno do uso de drogas dentro da comunidade LGBTQIA+. James Lee Williams, conhecido como The Vivienne, morreu em casa em Chorlton-by-Backford, Cheshire, após o consumo de cetamina, e sua irmã, Chanel Williams, levantou um questionamento poderoso: será que o preconceito e o medo impediram que ele buscasse o suporte necessário?
O peso do silêncio e do preconceito
Chanel revelou em entrevista recente que James enfrentava uma recaída no vício, mas optava por não falar sobre o assunto para proteger a família. Depois de um longo período de sobriedade, o medo do julgamento e o estigma associado ao uso de drogas pesavam sobre ele, dificultando a busca por ajuda. “Se esse estigma não existisse, será que meu irmão teria procurado o suporte que precisava?”, refletiu Chanel.
Essa reflexão expõe uma realidade cruel para muitos artistas e pessoas LGBTQIA+: o receio de expor vulnerabilidades em ambientes ainda marcados por preconceitos e discriminações pode ser fatal. O legado da Vivienne, que sempre foi aberto sobre suas batalhas contra o vício, ressalta a importância de criar espaços seguros e acolhedores para dialogar e apoiar quem enfrenta esses desafios.
Repensando políticas e educação sobre drogas
Além da dor pessoal, a família decidiu compartilhar a causa da morte — um ataque cardíaco causado pelo uso de cetamina — para ampliar a conscientização sobre os riscos dessa droga, que tem uso ilegal crescentes no Reino Unido. Chanel defende que a cetamina seja reclassificada para uma categoria mais rígida, pois sua percepção como droga “menos nociva” contribui para o aumento do consumo e das fatalidades.
Para ela, a abordagem precisa ser ampla e integrada, envolvendo educação, saúde pública, segurança e políticas governamentais eficazes. “Não se trata apenas da reclassificação. É preciso uma estratégia nacional para lidar com o uso de drogas e as mortes associadas”, enfatizou, chamando atenção para a urgência do tema.
Um chamado à empatia e ao acolhimento na comunidade LGBTQIA+
A trajetória da Vivienne, marcada por talento, autenticidade e luta contra a dependência, é um convite para que a comunidade LGBTQIA+ e a sociedade como um todo reflitam sobre como o estigma pode ser uma barreira cruel para o cuidado e a recuperação. É também um apelo para que espaços seguros sejam fortalecidos, onde o apoio emocional e a assistência profissional estejam ao alcance de todos e todas que enfrentam o desafio das drogas.
O legado da Vivienne permanece vivo ao inspirar não só a celebração da diversidade, mas também a urgência do acolhimento e da quebra de tabus que ainda cercam a saúde mental e o uso de substâncias na comunidade drag e LGBTQIA+.
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