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“Jamais deixarei de brilhar”, diz Miss Biá, que comemora 50 anos de carreira

Com 50 anos de carreira e 71 anos de vida, Miss Biá se prepara para comemorar suas bodas de ouro nesta quarta-feira (27), no clube Danger, em São Paulo. A festa terá a presença de amigas da drag queen, entre elas, Léo Áquilla, Lysa Bombom e Marcia Pantera.

Eduardo Albarela nasceu em São Paulo, onde começou sua carreira profissional como office boy. A personagem Miss Biá surgiria mais tarde, depois que Albarela passou a trabalhar como maquiador.

Boates como as extintas Corintho e Medieval fizeram história – e são parte da carreira de Miss Biá. Tamanho era seu talento, que a drag se apresentou inclusive fora do Brasil, em países como Estados Unidos e Uruguai.

Mas nem tudo são flores na vida de Miss Biá. Em plena ditadura, precisou trabalhar como bailarino. Nessa época, vestia-se de homem e se maquiava para driblar a censura. Apesar da época difícil, a drag admite que enfrentou os problemas com naturalidade. "Como era muito jovem, levei tudo de uma forma muito alegre", conta.

Enérgica e sempre esfuziante, Miss Biá falou à reportagem sobre a emoção de completar 50 anos de carreira e adiantou que não pretende parar tão cedo. "Enquanto existir um palco, uma plateia e uma luz acesa, jamais deixarei de brilhar!"

Qual é a emoção de completar 50 anos de carreira?
É uma emoção muito grande! Me sinto privilegiada e muito orgulhosa por ser a pioneira dos espetáculos de transformistas em São Paulo.

O que mudou nesse tempo em relação à noite gay? Você se arrepende de não ter realizado algum sonho?
Tudo! Hoje, há uma falta de respeito com os artistas pioneiros que fizeram a noite de São Paulo. Antigamente, transformávamos as noites em beleza e alegria, e fazíamos com que as pessoas se transportassem para um mundo de fantasia e glamour. Tudo isso acabou. Realizei todos os meus sonhos e nunca deixei de fazer alguma coisa que quisesse. Sempre tive tudo que sonhei. Uma pena que os grandes espetáculos acabaram e jamais existirão estrelas como antigamente!

Como surgiu a personagem Miss Biá e como ela foi aceita na época?
Surgi do nada, nunca sonhei em ser artista e, de repente, me deparei com um mundo de fantasia, me senti inebriada e embevecida com o glamour dos palcos, a magia que eles exercem sobre as pessoas. Daí decidi buscar um lugar nesse mundo fantástico. Antigamente, existiam poucas artistas transformistas e sempre fui tratada como uma estrela pelo trabalho e profissionalismo.

Você trabalhou em casas como a Corintho e a Medieval, entre outras. Ainda dá para ganhar dinheiro na noite gay?
Antigamente éramos funcionárias das boates em que trabalhávamos, éramos registradas e respeitadas. Hoje em dia, o cachê que pagam não dá nem para bancar nossas produções, por isso que antigamente valia a pena viver do espetáculo.

Você precisou driblar a censura durante a ditadura. Pode nos contar algo curioso sobre esse período triste de nossa história?
Como era muito jovem, levei tudo de uma forma muito alegre. Comecei minha carreira como bailarino. Modéstia à parte, fiz muito sucesso por ser jovem e bonito. Na época da ditadura, resolvi trabalhar apenas como bailarino e, no decorrer do tempo, voltei a brilhar nos palcos como Miss Biá.
 
Como é para você encarar uma nova geração de público a cada ano que passa? O público gay também mudou?
Para mim não mudou quase nada. A cada ano que passa, sinto que as pessoas continuam me seguindo e reconhecendo a personagem que criei. Até hoje exerço minha profissão com a arte do transformismo e sou aplaudida por onde passo.

Quais são seus planos para os próximos anos? Nunca passou pela sua cabeça parar de trabalhar como drag queen?
Jamais! Enquanto existir um palco, uma plateia e uma luz acesa, jamais deixarei de brilhar!

Serviço:
Miss Biá 50 anos de Glamour
Dia 27 de outubro, abertura da casa às 21h
Show a partir das 23h
Danger – R. Rego Freitas, 470 – Infos: (11) 3211-0371
http://www.dangerdanceclub.blogspot.com/

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