Depois de aparecer na mídia por afirmar que pode "curar" homossexuais e ter sido punida com censura pública pelo Conselho Federal de Psicologia, a psicóloga Rozângela Justino, não satisfeita, comparou a militância gay ao nazismo em entrevista recente à revista Veja.
Causando a indignação não só de homossexuais, mas também de pessoas conscientes de que a homossexualidade não é um "estado" físico, como afirma Rozângela e, sim, uma orientação sexual, foram nítidas as manifestações de repulsa às declarações da psicóloga.
Em carta aberta, publicada em seu blog na segunda-feira (10/08), o jornalista e ex-BBB, Jean Wyllys, se mostra ofendido com a entrevista de Rozângela. "Eu não a conheço pessoalmente e não faço a menor questão de conhecê-la. Mas, como a senhora fez ataques públicos ao coletivo do qual faço parte, logo, a mim, por meio da revista Veja, eu sou obrigado a responder aos mesmos também de forma pública", diz no início da carta.
Segundo Jean, "enquanto a maioria dos homossexuais se diverte em baladas, uma onda neoconservadora contra lésbicas e gays tem se levantado sorrateira e silenciosamente na mesma proporção do crescimento das paradas do orgulho gay".
Para o jornalista, a comparação que a psicóloga fez entre a militância gay e o nazismo só pode ser causada pelo cinismo. "Ou a senhora é cínica ou é absolutamente ignorante acerca do mal que o nazismo causou aos homossexuais", ressalta.
"Prefiro apostar que a senhora seja cínica, uma vez que sua referência ao Nazismo e o esforço em associá-lo ao movimento homossexual são tentativas canhestras de conquistar a opinião pública, já que a senhora sabe que, no imaginário popular, o nazismo se confunde com o mal. Não, minha cara, a militância gay não é nazismo" .
No decorrer da carta, Jean afirma que "se há algum nazista em questão, este é a senhora. Seus comentários referentes à homossexualidade materializam um moralismo e um puritanismo odioso em relação à sexualidade e a modos de vida gay".
O jornalista cita ainda as contribuições de "Freud, Melanie Klein, Lacan, Foucault, Julia Kristeva, Didier Eribon" – que, segundo ele, Rozângela "não deveria desprezar ou ignorar, já que se diz ‘psicóloga’, pois afirmam que ‘os instintos sexuais são naturais, mas, a sexualidade (incluindo, aí, as identidades sexuais) é cultural’".
Ao final do texto, Jean diz que Justino deveria se reconhecer como "uma fundamentalista fanática, psicótica e incapaz de questionar aquilo que te ensinaram como ‘verdade’ e, por isso mesmo, causadora de infelicidade para si e para os homossexuais que acredita curar".
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