O cerco se fecha contra o presidente da Câmara Eduardo Cunha, considerado um dos políticos que mais lutam contra os direitos LGBT. O parlamentar do PMDB-RJ Jestá sendo investigado pela Operação Lava Jato e foi acusado de pedir propina de US$ 5 milhões.
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O ex-consultor da Toyo Setal, Julio Camargo – que é um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobrás – declarou que Cunha o pressionou a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado.
O presidente da Câmara teria dito que era "merecedor" de US$ 5 milhões. "Tivemos um encontro. Deputado Eduardo Cunha, Fernando Soares (um dos presos da Lava Jato) e eu. Deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do que ele era merecedor de US$ 5 milhões".
Julio Camargo declarou ainda que, como não tinha recurso para pagar a propina, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para oTribunal de Contas da União (TCU).
Das acusações, Cunha diz que Julio está sendo obrigado a mentir, acusa o Palácio do Planalto de ter se articulado para incriminá-lo. E declarou nesta sexta-feira (17) que rompeu parceria com o governo e diz que fará oposição. "O governo nunca me quis e não me quer como presidente da Câmara. O governo não me engole, tem um ódio contra mim. Tem um bando de aloprados no Planalto que vive desse tipo de circunstância, de criar constrangimento."
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Vale lembrar que Cunha desengavetou o projeto de Dia do Orgulho Hétero, permitiu que a bancada evangélica invadisse uma sessão e rezasse e admitiu que os projetos referentes a criminalização da homofobia e transfobia dificilmente seriam aprovados com ele como presidente.
Para o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), "o uso político da homofobia e da redução da maioridade penal como cortina de fumaça para ocultar as provas – que não são novas! – da participação de Eduardo Cunha em esquemas de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, inclusive utilizando a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, através de seus apoiadores políticos, para pressionar operadores e empresas a retomar os repasses de dinheiro".