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Jean Wyllys nega candidatura e diz que Dicesar e Sérgio estão reduzidos a “sexualidade”

Que Jean Wyllys é o vencedor do Big Brother 5 não é novidade para ninguém. Porém, desde o fim do ano passado circula o boato de que ele será candidato a deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) representando o Rio de Janeiro. Jean nega. Mas, ontem o colunista do jornal carioca O Globo, Ancelmo Gois, deu nota afirmando a candidatura do primeiro gay a vencer o reality.

A candidatura existe, ou melhor, há um convite feito por Heloisa Helena, presidente do Psol, a Jean Wyllys, para que este saia candidato. Heloisa já falou que, se ele aceitar, irá ao Rio para participar da campanha de Wyllys. Mas e aí, é candidato ou não é? A resposta é sim e também não.

Jean revelou a reportagem do A Capa que há uma "insegurança" quanto a sua candidatura. Muito sincero, ele conta que se questiona se tem "condições" de assumir um trabalho parlamentar que possa realmente representar a comunidade gay e os Direitos Humanos. O outro motivo é que ele assume não saber lidar com a "canalha" existente na política.

E claro, a edição mais gay do Big Brother Brasil, a atual, foi assunto durante a entrevista. Jean analisou a postura de Dicesar (Dimmy Kieer) e Sergio e afirmou que eles se "reduzem" a orientação sexual e que ambas as posturas não é "bacana".

Você disse que há uma insegurança para assumir a candidatura a deputado. Fale um pouco sobre ela.
Existe uma insegurança minha quanto à capacidade de ter mesmo condições de atuar em defesa dos Direitos Humanos e das liberdades civis. Competência eu acredito que tenho, agora, será que eu terei terreno e condições para isso? Caso eu seja eleito, eu vou fazer desse período um espaço produtivo em favor mesmo das pessoas? Essa é uma insegurança.

Qual é a outra?
Depois tem a insegurança do desgaste. Eu não tenho grana para essa campanha. Se eu fizer, será uma campanha limpa em todos os sentidos da palavra: será limpa no sentindo ecológico. Eu não vou sujar as ruas com santinhos e panfletos e ela também vai ser limpa no sentido de que eu não tenho grana. Eu vou depender das redes sociais, dos amigos, de quem acredita em mim, de quem acredita de fato que um cara pode renovar os fatos políticos. Eu também fico pensando: e se eu entrar nessa e depois de todo esse desgaste eu não ser eleito? Aí vem o desgaste de deslocar a minha vida, de sair do meu trabalho confortável que eu faço como professor e escritor para engajar… Tem essa insegurança e esse medo e também o fato de lidar com a canalha que a política agrega que é apenas o interesse do poder pelo poder e eu não sei lidar com esse jogo. Essas são a insegurança e medo que me impediram até o momento de assumir a candidatura.

Há pessoas de São Paulo que dizem: "se ele fosse candidato aqui eu votaria nele". Isso não te dá mais segurança?
Sim. Na terça, por exemplo, quando a noticia saiu no Ancelmo Gois (colunista do jornal O Globo) a diretora de onde leciono foi me parabenizar e me disse: "olha, eu voto em você". Os professores todos me disseram isso. Os meus alunos nos corredores… Isso me dá uma coragem, mas eu penso as coisas na balança e nesse momento estou colocando esses dois pesos: o entusiasmo das pessoas em torno da minha campanha e esses medos que envolvem o fato de que a gente vive num país de que as campanhas são bem sucedidas na medida em que elas dependem dessa grana e da politicagem.

A Heloisa Helena declarou que participaria de sua campanha. Como você recebe isso?
Que ótimo. Eu adoro a Heloisa, a gente se gosta muito e eu sei que ela acredita em mim, na minha capacidade política, ela acha que eu já sou um homem político. Eu diria sim (a candidatura) por ela e também porque eu acredito. Fico feliz em saber que ela está comigo.

Você é uma pessoa popular e possível puxador de votos. Existe alguma pressão do Psol para que você saia candidato?
Não. Não existe pressão nenhuma. Eles me deram total liberdade e sequer fazem ligação para me perguntar algo.

O socialismo ainda é possível?
Não. É possível uma gestão socialista do capitalismo. Promover justiça social dentro do capitalismo.

O governo Lula está no fim. Em relação às questões gays, gostaria que você desse uma nota de 0 a 10.
Nota 8. Eu dou essa nota por que em relação a todos os outros governos que vieram antes dele, ele avançou bastante em relação às políticas pública em favor da comunidade LGBT. Mesmo eu sendo do Psol e tendo o meu candidato (a presidência), esse fato não me impede de reconhecer isso.

Você já cansou de falar do Big Brother?
Eu não me canso de falar sobre o BBB desde que o conteúdo dessa fala seja algo proveitoso e que as questões sejam pertinentes e produtivas. Agora para falar de maneira simplista que é o que muita gente quer que eu me relacione como Big Brother, sobre intriga, isso eu não quero falar de jeito nenhum.

Como você vê esse apoio popular ao Marcelo Dourado?
A gente não pode fazer comparações e as pessoas comparam muito: o mesmo país que deu a vitória a você (Jean Wyllys) é o mesmo país que vai dar a vitória… Não é o mesmo país no sentido de que se passaram cinco anos. O contexto em que eu apareci e atuei no programa é bastante diferente do contexto em que Marcelo Dourado atua. A moral da audiência é flutuante e depende muito desse contexto em que ela está consumindo. No meu caso, eu sou um cara que a minha história de vida: menino do interior da Bahia, que venceu a pobreza da infância através da educação… Essa história é muito poderosa, porque a maioria do povo brasileiro se identifica com ela e além disso eu sou um cara com uma formação sólida e a minha sexualidade ficou como se fosse quase nada, em segundo plano. Ela foi boa para os gays, mostrou que nós somos mais que a sexualidade. E isso é o que a gente quer: que a maioria hétero entenda que a gente não pode ser reduzido e nem estereotipado por causa da nossa orientação. A identificação do público hétero comigo não se deu pela orientação sexual e sim por outro lado. Por isso eu ganhei o programa.

E nessa edição?
Nesse programa os gays que entraram são o oposto de mim. Oposto no sentido de que eles não se tornaram maiores que a orientação sexual, muito pelo contrário, eles se reduziram a orientação e há uma representação estereotipada dessa orientação (gay). Além dessa redução, a conduta individual dos dois não é bacana. Quando a audiência vai criticar o Dicesar e o Sérgio eles não criticam o Dicesar o Sergio pelas atitudes individuais só, eles transmitem essa postura individual para todo o coletivo do qual eles fazem parte. Aí vão pensar assim: "viado é assim mesmo, tudo fofoqueira". Nesse contexto o Dourado surge como o cara que põem ordem no galinheiro: "ó, tem muito viado nessa casa, já está demais, vamos pôr ordem…".

Acredita que o Marcelo Dourado pode ganhar?
Sim.

Em um segundo turno entre Dilma e Serra, você votaria em quem?
Ah cara, eu votaria na Dilma.

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