De acordo com matéria da agência de notícias EFE o jornal oficial "China Daily" – o principal em inglês do país – surpreendeu nesta segunda-feira seus leitores com uma reportagem sobre a homossexualidade estampada com uma foto de uma página com dois rapazes chineses se beijando. Há poucos anos o tema era escondido pelo governo.
O jornal e sua versão digital publicaram hoje entrevistas com três homossexuais chineses, entre eles Tong Ge, um escritor de 57 anos que foi casado e teve uma criança antes de assumir sua orientação sexual. Ruo Zhe, 33, autor do primeiro portal virtual de temática gay na China, e uma lésbica de 26 anos identificada com um pseudônimo são os outros dois protagonistas da reportagem.
Esta é praticamente a primeira vez que a quase desconhecida comunidade gay local do país é mostrada ao grande público.
O jornal conta as dificuldades pelas quais passam a comunidade gay. Segundo estudos há entre 5 milhões e 10 milhões de pessoas homossexuais vivendo no páis. Um dos maiores problemas enfrentados é o fato de a sociedade ser ainda muito tradicionalista, "na qual se arriscam a perder seus empregos e distanciar-se da família e amigos".
O escritor Tong diz que quando realmente percebeu sua orientação, em plena Revolução Cultural (1966-76), "nem sequer sabia que havia uma definição para esse comportamento", e só em meados dos anos 70 descobriu que havia nas cidades "locais secretos" como parques e banheiros públicos usados como pontos de encontro entre os homossexuais.
O sexo seguro entre eles era impossível, pois os preservativos eram entregues por escritórios de planejamento familiar nas unidades de trabalho e apenas às pessoas casadas.
Ruo diz que se sentia como "um monstro", pois a legislação chinesa considerava a homossexualidade uma doença mental até 2001. "Só ao consultar sites estrangeiros percebi que não era o único gay no mundo", afirmou o rapaz.