Ao que tudo indica, mais um caso de violência homofóbica aconteceu no último final de semana no Brasil. Desta vez, a vítima foi o jornalista goiano Lucas Cardoso Fortuna, de 28 anos, que foi encontrado morto na praia de Calhetas, em Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, no domingo (18).
Lucas era ativista do Movimento Gay de Goiás e estava na cidade para atuar como árbitro de um campeonato da Federação Goiana de Voleibol. De acordo com a polícia local, o jornalista foi encontrado usando apenas uma cueca.
O comerciante Avelino Mendes Fortuna, de 57 anos, pai do jovem, que viajou a Recife para reconhecer o corpo do filho, afirma que Lucas foi espancado – a vítima estava com os pés, costas e rosto machucados – e jogado ao mar.
Avelino descarta a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte), já que uma camisa do filho foi encontrada ensanguentada em umas pedras junto com a carteira e os documentos de Lucas, além de dinheiro e três cartões bancários.
Apesar dos indícios, o comerciante prefere aguardar as investigações para apontar uma possível motivação homofóbica. Já a amiga de Lucas, Elaine Gonzaga, foi categórica em afirmar que o crime foi, sem dúvida, motivado por homofobia. “A gente tem certeza que é uma questão homofóbica”, declarou.
Segundo Elaine, o documento de identidade de Lucas estava rasgado ao meio. Nas redes sociais, a repercussão da morte do jornalista e ativista sensibilizou a todos.
A Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (Enecos), em sua página no Facebook, publicou uma nota onde reafirma “sua luta contra toda forma de opressão”.
O texto faz ainda um apelo para que mortes como a do jornalista não sigam impunes e pede o fim da violência homofóbica e sua criminalização.
Juarez Ferraz de Maia, professor da Universidade Federal de Goiás, também manifestou sua indignação ao crime. “Tudo leva a crer tratar-se de um crime homofóbico pelas agressões sofridas. Lucas Fortuna era um militante da causa gay e combatia a intolerância e a violência através de suas ações pacíficas e brilhante oratória.”, escreveu o professor.
O translado do corpo do jovem a Goiana foi pago pela prefeitura do município, situada na Grande Recife. O velório do jornalista foi realizado ginásio de esportes de Santo Antônio de Goiás, cidade da Região Metropolitana de Goiânia. O enterro aconteceu na manhã desta quarta-feira (21), no cemitério da cidade.