Ele tem 22 anos, formou-se no Mackenzie e em março de 2008 ingressou na reportagem do jornal Agora. Hoje assumiu a coluna Zapping, que é publicada também na Folha Online e uma das mais lidas do braço virtual do jornal Folha de São Paulo.
Alberto Pereira Junior, que também atualiza com bastante frequência seu blog Zapping News, salva coincidência, conta como será a partir de agora ocupar o espaço que antes era assinado pela jornalista Fabíola Reipert.
Na entrevista a seguir ele diz o que acha da cobertura jornalística dos grandes meios quando o assunto é a pauta gay e por que as celebridades não saem do armário. Beto, que colaborava com Sérgio Ripardo, quando este assinava Destaques GLS na Folha Online, também fala da briga entre SBT e Record que tem ocupado bastante espaço no jornalismo de variedades.
Queria que você comentasse um pouco sua passagem pelo Agora antes de chegar à coluna Zapping…
Depois de uma passagem de quase três meses na Folha Online, onde cobri o "BBB 8" e ajudei no lançamento do Guia da Folha Online, fui para o jornal Agora SP em março de 2008. No Agora, comecei escrevendo a agenda cultural diária, que sai no caderno Show!, e a coluna de bares, veiculada todas as sextas-feiras. Pouco tempo depois já comecei a fazer reportagens para o caderno. Uma das minhas primeiras foi sobre o CD "Hard Candy", da Madonna. Em junho, entrei de vez para a reportagem e fui cobrir o São Paulo Fashion Week. A partir daí, passei a escrever matérias sobre moda e cinema, mas principalmente música e televisão, além de colaborar com os colunistas Odair Del Pozzo e Fabíola Reipert.
Como aconteceu o convite para assumir a coluna?
O convite para assumir a coluna foi uma surpresa muito grande e partiu da chefia do jornal. Sei que a Fabíola me indicou e eu agradeci muito a ela, pois é um voto enorme de confiança. Colaborei algumas vezes com a coluna, mas é totalmente diferente assiná-la inteira.
Como é a responsabilidade de ocupar o lugar da Fabíola, que já comandava a coluna há 10 anos?
A responsabilidade é imensa. Primeiro porque a coluna é muito famosa e tem uma tradição de furos e notícias em primeira mão, que deve ser mantida. Depois, a Fabíola é uma excelente profissional, muito experiente, com um texto muito preciso, bom e que tem um grande e fiel público. Não penso em substitui-la, é algo impensável. Vou me empenhar ao máximo para continuar trazendo novas e diversas informações aos leitores. Tentar dar um pouco a minha cara para a coluna.
O fato de você ser novo, tanto em idade quanto em tempo de profissão ajuda ou atrapalha na busca por informação?
Estou há mais de um ano no jornal Agora SP. Ao longo desse tempo, consegui fazer fontes, amizades e contatos que já me renderam furos de reportagem. Com certeza a experiência colabora e ajuda muito no trabalho, porém estou tranquilo quanto a isso. Quando fui chamado para assumir o Zapping, aceitei o desafio e deixei claro que vou me dedicar bastante à nova função.
Por ter 10 anos na mesma coluna, a Fabíola conseguiu adquirir muitas fontes. Rola na redação uma, digamos, troca de informações e fontes?
Entre amigos jornalistas e colegas de trabalho, trocamos figurinhas e informações. Às vezes fontes, tudo depende do assunto.
Como será o seu trabalho no comando da coluna? Você vai a campo, viver infiltrado no mundo das celebridades ou o seu o telefone não vai parar de tocar?
O telefone já não para de tocar. Já estou acostumado com isso, mesmo como repórter é comum receber muitas ligações de pessoas sugerindo pautas, passando informações. Eu adoro sair a campo. Ir a eventos, falar com pessoas. Vou tentar conciliar a redação e a rua, com certeza.
Muitos dizem que a coluna Zapping é uma coluna só de fofocas… Você acredita nisso? Acha que esse tipo de crítica desmerece o trabalho de jornalista?
A coluna Zapping é jornalística sim. Traz os bastidores da TV e do mundo dos famosos. As pessoas costumam associar variedades com fofoca, o que é um erro comum e grosseiro. Entretenimento também é notícia e tem sua importância.
Os famosos como Huck, Angélica, estão agora aderindo às novas ferramentas de mídia como o twitter. Isso facilita o trabalho do jornalista ou atrapalha na hora de dar um furo? (Por exemplo, se alguma celebridade divulga algo no twitter, e aquilo vale uma nota que você poderia ter dado na coluna…) Acredita que com essas ferramentas o artista virou seu próprio assessor?
Estava discutindo isso na redação um dia. Acho divertido que os artistas se aproximem do seu público com as redes sociais, como o Twitter. Mesmo eles divulgando informações e notícias profissionais e pessoais, os grandes furos ainda não estão na rede. A maioria ainda vem de uma conversa de bastidor, do bate-papo com o próprio famoso ou por sua assessoria.
Você vai continuar seu blog, o zappingnews?
Com certeza manterei o blog. Desde maio, estou implementando mudanças nele, que já deveriam ter ido ao ar. Mas a falta de tempo e alguns problemas técnicos inviabilizaram. A intenção é torná-lo mais jornalístico, mas sem perder o bom humor. Até o final da semana lanço o novo template e o novo endereço. Passará a ser Blog do Alberto.
Como jornalista de um grande veículo, o Agora, e agora, hehe, a Folha Online, como analisa a cobertura das grandes mídias em relação aos assuntos ligados à comunidade gay?
A cobertura é aquém do que merecia ser. Revistas e sites voltados ao público LGBT, no geral, capricham ao falar de temas leves, culturais ou de consumo. Mas, ao abordar os temas ditos "sérios", não trazem o aprofundamento necessário. Os veículos convencionais também pecam pelo pouco espaço que dão e pela cobertura, às vezes, depreciativa.
Temos visto, recentemente, uma briga de titãs: SBT x Record. Você assume a coluna em um momento de notícias muito quentes. Você acha que Record cutucou a onça com vara curta? Como tem acompanhado essa troca-troca de apresentadores?
Há muito tempo que a TV brasileira não passa por um momento tão intenso de mudanças. O troca-troca de apresentadores e profissionais de emissoras, principalmente entre SBT e Record, é saudável e mostra que há interesse em mexer na programação, para atrair mais telespectadores. Tenho acompanhado de perto isso, porque faz parte dos assuntos que, como repórter de variedades, eu já cobria.
O lado mais descontraído e irônico da coluna vai continuar quando você passar a assinar a Zapping?
Vou escrever de forma direta e concisa, como acredito que uma coluna deva ser. Com certeza o bom humor, a ironia e a descontração estarão presentes no texto, quando possível e necessário.
Por que, na sua opinião, as celebridades gays não saem do armário publicamente?
É difícil falar por cada indivíduo. Acredito que a maioria dos artistas gays não se assumam por uma combinação de medo e preconceito. Infelizmente, no mercado, o preconceito ainda é grande e um galã de novelas, por exemplo, poderia ficar estigmatizado se saísse do armário. Mas é algo que vem mudando, principalmente, no exterior. A educação e troca intensa de informações colaboram nesse sentido.
* Colaborou Diana C.