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Jovem gay acusa Sony de discriminação em seletiva de emprego; Empresa nega

No dia 21 de outubro, o casal Junior, de 21 anos, e Sergio, de 19, participaram de uma seletiva da empresa de eletrônicos e entretenimento Sony. O casal disputava vaga para trabalhar como promoters da marca em um stand na ‘Super Casas Bahia’. Junior conta que participaram da primeira etapa de seleção juntos. "Nós fizemos as entrevistas, fizemos provas e passamos". No dia seguinte, a dupla recebeu telefonema convocando-os para entrevista com representantes da multinacional.

As entrevistas se deram em turmas separadas. "Primeiro eu e depois o Sergio. Depois a mulher veio na sala para avisar quem tinha sido aprovado e não passei", relata Junior. Após saber de sua reprovação, o rapaz ficou esperando o namorado. "Fiquei lá fora esperando. Aí ele [Sergio] entrou, isso eram umas 14h, e percebi que ele estava demorando e achei estranho". Foi quando, após um longo tempo de espera, Sergio retornou completamente alterado e contou ao namorado o que havia acontecido.

"Depois que foi feita essa seleção, uma moça veio falar dos documentos que são necessários. Aí outra moça que estava junto na seleção me chamou, pensei que ela quisesse falar alguma coisa importante", conta Sergio.

Ao entrar a sós com a entrevistadora em uma sala, Sergio sentou-se e a ouviu. "A gente gostou muito de você, mas você precisa mudar o seu jeito". Ao indagar qual jeito, ouviu como resposta um "ah, esse seu jeito, a gente não tem preconceito, nem nada". O rapaz questionou se o jeito mencionado era de gay. Para seu espanto, a entrevistadora confirma, "é, não é para demonstrar pra ninguém lá, porque o povo lá é meio preconceituoso".

Sergio contou a reportagem do A Capa que de início ficou quieto, pois "precisava daquele emprego. Eu não ia falar nada". Depois, ficou pensando no que tinha acabado de ocorrer e ficou "nervoso". "Rasguei todos os documentos e fui embora", relata. O jovem conta que jamais pensou em passar por uma situação dessa e que na hora  se sentiu excluído. "Me senti menor", revela. Para ele o mais revoltante da história é que "ela [a entrevistadora] me disse que isso foi uma orientação deles [representantes Sony], que foram eles que deram esse toque". Frente a isso, Sergio conta que irá "tomar providências. Não para ganhar dinheiro, mas para eles se conscientizarem e tomarem um susto, para não fazerem isso com outras pessoas". 

Paulo Mariante, advogado atuante em Campinas através do grupo Identidade, irá orientar e acompanhar o caso de Sergio.  Sobre a situação, o advogado diz que irá enquadrar a empresa na lei 10.948 – que pune administrativamente atos homofóbicos no Estado de São Paulo. "Nesse caso sou a favor de entrar com processo, mesmo que não se tenha a certeza de fazer a prova, até para que isso sirva de uma afirmação. Pois, no mínimo, a empresa [Sony] terá que vir a público se manifestar", diz Mariante.

Sony nega discriminação

Em comunicado enviado à redação do A Capa, a Sony nega que tenha havido discriminação. Segundo a empresa, Sergio havia sido aprovado e contratado. Mas, não foi efetivado porque o mesmo não compareceu no dia para assinar os documentos do contrato. Confira a nota na íntegra:

"Primeiramente esclarecemos que a New Momentum foi contratada pela Sony para realizar a seleção de profissionais para prestar serviços em pontos de venda.

Como política de ambas as empresas, New Momentum e Sony, os entrevistados são orientados sem distinção de qualquer natureza, sobre a importância da postura no trabalho, uma vez que a qualidade dos serviços está diretamente relacionada à forma de abordagem ao público, sendo esta uma das responsabilidades destes profissionais.

Infelizmente, a reclamação trata-se de um lamentável equívoco, uma vez que o profissional foi aprovado pela nossa empresa para prestar serviços e somente não foi contratado em razão do seu não comparecimento para a assinatura do contrato.

Por último queremos agradecer a oportunidade concedida de esclarecermos os fatos."

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