O qüiproquó envolvendo o jogador do São Paulo Richarlyson e José Cyrillo Jr., diretor-administrativo do Palmeiras, ganhou esta semana mais um capítulo com o despacho do juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, que, em sua sentença, classificou o futebol como “viril, varonil, não homossexual”.
Em junho passado, no programa Debate Bola, da Record, Cyrillo foi indagado sobre quem seria o jogador gay no time do Palmeiras disposto a assumir publicamente sua sexualidade num programa da Rede Globo. Ele respondeu: “Não, o Richarlyson quase foi do Palmeiras. O procurador dele assinou um pré-contato com o Palmeiras, mas no dia seguinte ele foi para o São Paulo” (para ver o vídeo, clique aqui).
No despacho, o juiz diz que, se o volante fosse gay, “melhor seria que abandonasse os gramados”. Em outra passagem, o homofóbico magistrado afirma que “quem se recorda da Copa do Mundo de 1970, quem viu o escrete de ouro jogando, jamais conceberia um ídolo homossexual”.
Para Manoel Maximiano, os homossexuais podem jogar futebol, desde que confinados: “Não que um homossexual não possa jogar bola. Pois que jogue, querendo. Mas forme seu próprio time e inicie uma Federação”.
Renato Salge Prata, advogado do atleta, considera a decisão do juiz homofóbica e já encaminhou reclamação contra Manoel Maximiano no Conselho Nacional de Justiça. “Foi uma decisão esdrúxula e homofóbica. Ele confundiu juiz de direito com árbitro de futebol”, disse ao jornal Folha de S. Paulo.
O jogador Richarlyson entrou com a queixa-crime contra Cyrillo com base no artigo 22 da Lei de Imprensa, que trata de injúria por meio da mídia.