Testemunho da ex-namorada revela abusos e tensão no caso de tráfico sexual do rapper
O julgamento de Sean ‘Diddy’ Combs, acusado de tráfico sexual e formação de quadrilha, entrou em sua quinta semana com depoimentos impactantes e uma possível mudança crucial no júri. A ex-namorada do rapper, identificada como “Jane” para preservar sua identidade, assumiu o centro da cena, revelando detalhes íntimos e dolorosos da relação que durou três anos e meio.
Depoimento que expõe trauma e abusos
Jane contou que o romance, que começou em janeiro de 2021 com momentos de paixão e viagens luxuosas, rapidamente se tornou um pesadelo. Ela relatou que o que inicialmente parecia uma fantasia sexual, envolvendo outros homens, evoluiu para abusos reais, incluindo maratonas de sexo sob o efeito de ecstasy, nas quais ela se sentia obrigada a participar enquanto Combs observava.
Mesmo quando tentou resistir, afirmando que “não era atriz pornô” e que já havia chegado ao seu limite, o rapper teria insistido para que continuasse nessas situações. Em lágrimas durante seis dias no tribunal, Jane enfrentou a dura defesa do advogado de Combs, que sugeriu que sua raiva poderia ser motivada por ciúmes das outras mulheres na vida do artista, mas ela rebateu com firmeza, questionando o valor que Combs atribuía ao seu corpo em comparação a presentes caros que ele dava a elas.
Controvérsia com jurado e visita de Kanye West
Além do depoimento, o julgamento ganhou um novo capítulo com a possível exclusão de um dos jurados. Um comentário casual sobre sua residência fora de Nova York levantou dúvidas sobre sua elegibilidade, levando o juiz Arun Subramanian a anunciar sua remoção para preservar a integridade do processo. A defesa, porém, pediu reconsideração, destacando a importância da diversidade no júri.
Em um momento inesperado, o rapper Kanye West apareceu no tribunal em Nova York, acompanhando parte dos depoimentos. Sua passagem rápida causou alvoroço entre os presentes, mostrando como o caso transcende o ambiente jurídico e ganha uma dimensão cultural intensa.
Escândalos paralelos e mensagens proibidas
O julgamento também trouxe à tona conexões surpreendentes, como a presença da executiva Robin Greenhill, ligada à equipe que gerenciou a polêmica tutela de Britney Spears nos Estados Unidos. Essa ligação foi mencionada durante os relatos de Jane e de assistentes de Combs, evidenciando a complexidade das redes que cercam o artista.
Mensagens de texto envolvendo grandes quantias em dinheiro e alertas sobre episódios violentos foram apresentadas, mas o juiz decidiu não permitir que essas provas fossem exibidas ao júri, alegando falta de contexto e risco de preconceito.
Vozes que revelam tensão e violência
Durante o processo, foram reproduzidas notas de voz enviadas por Combs a Jane, nas quais ele expressava frustração após ela recusar participar de encontros sexuais com outros homens. Em um desses áudios, Combs afirma que “ninguém está te ameaçando”, mas também deixa claro que poderia desaparecer se os “jogos” continuassem, sugerindo uma dinâmica de controle e chantagem emocional.
Jane interpretou a referência ao “trabalho” como a expectativa de que ela participasse desses encontros sexuais, enquanto para Combs, isso estava ligado ao suporte financeiro que ele lhe fornecia, incluindo uma mesada mensal de 10 mil dólares, conforme acordado em um “contrato de amor”.
Violência física e promessa de mudança
Em maio de 2024, após um vídeo viral mostrar Combs agredindo outra ex-namorada, ele publicou um pedido de desculpas e afirmou estar comprometido em ser um homem melhor. No entanto, semanas depois, Jane relatou ter sido agredida fisicamente por ele em sua casa, incluindo socos e um golpe no pescoço, seguido da imposição de participações sexuais forçadas.
Próximos passos no julgamento
Com mais de duas dezenas de testemunhas ouvidas, a promotoria pretende encerrar sua fase de depoimentos na próxima semana, trazendo ainda agentes da lei e ex-assistentes pessoais de Combs. A defesa anunciou que apresentará suas testemunhas a partir de sexta-feira, mas ainda não revelou seus nomes.
Esse julgamento, que envolve uma das figuras mais influentes da música e cultura pop, segue acompanhando de perto a luta por justiça e a exposição de abusos que impactam não só as vítimas, mas toda a comunidade LGBTQIA+, que busca no caso um reflexo da importância de enfrentar o poder e a violência em todas as suas formas.