Conheça a história da rebelião que deu origem ao Mês do Orgulho LGBTQIA+ e dicas culturais para celebrar a diversidade
Junho é mais do que o mês das festas juninas; para a comunidade LGBTQIA+, ele representa uma celebração potente e cheia de significado: o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Essa data anual, marcada por manifestações, paradas e símbolos coloridos, tem suas raízes na histórica rebelião do bar Stonewall Inn, em Nova York, Estados Unidos, um evento que mudou para sempre a luta por direitos e visibilidade.
O que foi a revolta de Stonewall?
O Stonewall Inn, inaugurado em 1930, tornou-se nos anos 1960 um espaço essencial para pessoas LGBTQIA+, especialmente aquelas marginalizadas, como drag queens, pessoas trans e moradores de rua. Frequentemente alvo de batidas policiais violentas e invasivas, o bar era um dos poucos refúgios onde a diversidade podia se expressar, ainda que sob constante ameaça.
Na madrugada de 28 de junho de 1969, uma dessas batidas desencadeou uma reação inédita: frequentadores resistiram, iniciando uma série de confrontos que duraram seis dias, conhecidos como a Rebelião de Stonewall. Esse episódio foi o estopim para a organização política da comunidade LGBTQIA+, com a formação da Frente para a Libertação Gay (GLF) e da Aliança de Ativistas Gays (GAA), além do surgimento de publicações dedicadas à luta e à cultura queer.
Embora existam relatos populares como o da drag queen Marsha P. Johnson ter iniciado o confronto, a história oficial ainda debate detalhes, mas o impacto da revolta é inegável. Outro ponto simbólico foi o luto pela morte da cantora e ícone gay Judy Garland poucos dias antes, que pode ter influenciado o estado de espírito da comunidade.
Junho como mês do orgulho e sua expansão no Brasil
Em junho de 1970, exatamente um ano após a revolta, ocorreu a primeira Parada do Orgulho LGBTQIA+ em Nova York, estabelecendo a tradição que hoje une milhares de pessoas ao redor do mundo. No Brasil, São Paulo sediou sua primeira parada em 1997, inspirada diretamente pelos eventos de Stonewall, e atualmente é considerada a maior do mundo, atraindo milhões de participantes a cada edição.
Essa mobilização histórica é retratada em livros como “Devassos no Paraíso”, de João Silvério Trevisan, e em documentários como “São Paulo em Hi-Fi”, disponível gratuitamente, que ajudam a compreender a trajetória e os desafios da comunidade no país.
Diversidade cultural para celebrar o Mês do Orgulho
Para quem deseja mergulhar na história e na arte LGBTQIA+, o cinema e o streaming oferecem excelentes opções. O documentário “A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson” (2017) retrata a vida dessa ativista emblemática e está disponível na Netflix. “Paris is Burning” (1990), que mostra a cena drag e ballroom de Nova York nos anos 1980, pode ser assistido na Mubi.
No serviço Max, o documentário “Wig” (2019) explora a cultura drag nos Estados Unidos, enquanto no Brasil, “Divinas Divas” celebra a primeira geração de artistas travestis do país, com nomes como Rogéria, e está disponível na Netflix.
Assim, o Mês do Orgulho LGBTQIA+ em junho não é só uma data para festas e desfiles, mas um momento de reflexão, memória e celebração da diversidade que nos fortalece. É um convite para conhecer nossas histórias, valorizar as lutas e abraçar a pluralidade que faz parte de todas as nossas vivências.