A internet voltou a se tornar um campo de batalha entre quem defende colocar as convicções religiosas acima de tudo, e quem acredita que as
liberdades individuais – inclusive de
orientação sexual – devem ser a base de uma sociedade justa.
Desta vez a guerra aconteceu por causa de um site de namoro cristão, que por suas crenças de fé se recusava a permitir que cristãos homossexuais utilizassem o serviço para se aproximar. O site em questão é o americano Christian Mingle.
Seu slogan, um tanto presunçoso, é "onde pessoas boas encontram ótimos relacionamentos". A empresa se declara "a maior comunidade online para cristãos solteiros". São 15 milhões de cristãos cadastrados que procuram ali um namorado ou namorada que também seja cristão. Ou seja, estas pessoas estão á procura, primordialmente, de alguém que professe da mesma fé. "Nós sabemos que professar da mesma fé é a melhor coisa para uma relação duradora", diz a empresa.
Entretanto o site parece usar de dois pesos e duas medidas quando se trata de homossexuais solteiros. Até recentemente o Christian Mingle apenas permitia o cadastro de homens e mulheres que estivessem à procura de um parceiro do sexo oposto. Aparentemente a empresa acredita que a crença de que a fé cristã é suficiente para uma relação duradora não se aplica a casais gays.
Isto mudou após dois homens da Califórnia entrarem com um processo contra a empresa por discriminação. A justiça americana entendeu que, ao não permitir que seus usuários se declarassem homossexuais, o site violou as leis antidiscriminação da Califórnia. O Christian Mingle foi obrigado a indenizar os dois homens em nove mil dólares, e está obrigado a permitir que todos os seus usuários procurem tanto por homens quanto por mulheres.
A empresa, entretanto, encontrou uma brecha na decisão judicial que dificulta aos cristãos homossexuais encontrarem um "par ideal" no site. Apesar de permitir que um usuário procure por pessoas do mesmo sexo, este usuário verá todos os perfis de mesmo sexo cadastrados, e não apenas os que se declaram homossexuais. Desta forma, a grande maioria dos perfis que um usuário gay verá é de homens que procuram por mulheres ou vice-versa.
A decisão judicial, portanto, possui poucos efeitos práticos. Mas é inegável que tem um grande efeito educativo.