Instituição cultural suspende programação do World Pride após mudança na direção, gerando reação da comunidade LGBTQIA+
O Kennedy Center, um dos principais espaços culturais de Washington, D.C., cancelou uma série de eventos LGBTQIA+ programados para o World Pride deste ano. A decisão, que pegou de surpresa artistas e organizadores, aconteceu após mudanças drásticas na liderança da instituição, gerando forte repercussão e insatisfação entre a comunidade queer local.
Cancelamentos e o impacto na comunidade LGBTQIA+
O festival Tapestry of Pride, que ocorreria entre 5 e 8 de junho, deveria ser um dos destaques do World Pride na capital dos Estados Unidos. No entanto, múltiplos eventos foram cancelados silenciosamente ou transferidos para outros locais, sem explicações claras.
Organizações como a Capital Pride Alliance, que atua pela defesa dos direitos LGBTQIA+ na cidade, decidiram romper sua parceria com o Kennedy Center. “Somos uma comunidade resiliente e encontraremos outros caminhos para celebrar, mas o fato de termos que nos adaptar assim é decepcionante”, afirmou June Crenshaw, vice-diretora da entidade.
Contexto das mudanças no Kennedy Center
Em fevereiro, o então presidente Donald Trump promoveu uma reestruturação na diretoria do Kennedy Center, demitindo o presidente e o presidente do conselho da instituição, substituindo-os por indicados de sua confiança, e assumindo ele próprio a presidência do conselho.
Trump criticou publicamente o Kennedy Center por promover shows de drag voltados para jovens, defendendo que o palco do local deveria refletir “as estrelas mais brilhantes de toda a nação” seguindo sua visão conservadora.
Resiliência artística e busca por novos espaços
O fundador da International Pride Orchestra, Michael Roest, relatou que seu concerto previsto para 5 de junho no Kennedy Center foi cancelado sem justificativas, recebendo apenas um e-mail sucinto informando o cancelamento do contrato. A apresentação foi então remanejada para o teatro Strathmore, em Bethesda, Maryland.
Outros eventos, como uma sessão de contação de histórias drag e uma exibição do AIDS Memorial Quilt, serão transferidos para o centro de acolhida do World Pride no bairro de Chinatown, em Washington.
Para a jornalista e organizadora de eventos Monica Alford, que promoveu o primeiro brunch drag no terraço do Kennedy Center em 2024, o local sempre foi um “lar” e um “espaço seguro” para a comunidade queer. Ela lamenta que a mudança represente um desserviço não só para a comunidade LGBTQIA+, mas para toda a sociedade.
World Pride 2025: um chamado à celebração e resistência
O World Pride 2025 acontecerá entre 17 de maio e 8 de junho na cidade de Washington, D.C., com eventos planejados por toda a capital. Apesar dos contratempos no Kennedy Center, a comunidade LGBTQIA+ reafirma sua força e criatividade para garantir que a celebração siga firme, encontrando novos espaços para expressar orgulho e visibilidade.
Essa situação reforça a importância de espaços inclusivos e de apoio cultural para a diversidade, especialmente em tempos de tensões políticas. A luta por representatividade e respeito continua viva, e o orgulho LGBTQIA+ resiste e floresce, mesmo diante dos desafios.