Conheça a história de Kewpie, pioneira da cultura queer e resistência trans em apartheid, inspiração para a comunidade LGBTQIA+
Em meio à segregação e repressão do apartheid na África do Sul, uma figura radiante e destemida se destacou: Kewpie, uma mulher trans que viveu com autenticidade e coragem no coração do vibrante District Six, em Cape Town. Muito antes das palavras “trans” e “não binário” se popularizarem, ela já desafiava as normas de gênero e mostrava que ser você mesma é, por si só, um ato revolucionário.
De Eugene a Kewpie: uma jornada de resistência e arte
Nascida em 1941 como Eugene Fritz, Kewpie cresceu em uma comunidade multicultural e apertada, onde a criatividade e diversidade floresciam apesar dos desafios do regime. Com sonhos de bailarina, seu destino mudou quando o pai a encaminhou para a profissão de cabeleireira. Mas seu salão em Kensington foi muito mais que um espaço de beleza: tornou-se um refúgio, palco de performances e ponto de encontro da comunidade queer local.
Conhecida no palco como Capucine, Kewpie reinava absoluta nas noites de District Six. Seus shows de drag eram celebrações de alegria e identidade, desafiando uma sociedade que criminalizava e marginalizava pessoas queer e trans. Sua fama ultrapassava o entretenimento, conquistando respeito e amor, inclusive da família de seu parceiro de longa data, Brian Armino.
Um legado que resiste ao apagamento
Quando as remoções forçadas destruíram District Six, Kewpie se recusou a abandonar seu território de pertencimento e expressão. Mesmo diante do câncer que enfrentou nos últimos anos, ela permaneceu um pilar da comunidade, uma matriarca que inspirava a todos a viverem sua verdade sem medo.
Após seu falecimento em 2012, sua história ganhou nova vida em 2018, com a exposição “Kewpie: Daughter of District Six”, realizada pelo Gay and Lesbian Memory in Action (GALA) e o Museu District Six. Com mais de 700 fotos pessoais, a mostra resgatou a riqueza da vida queer sob o apartheid, evidenciando a presença vibrante e indissociável de pessoas LGBTQIA+ na história sul-africana.
Kewpie e a importância da visibilidade trans
A vida de Kewpie nos lembra que a visibilidade é uma forma poderosa de resistência. Sem usar rótulos ou termos específicos, ela viveu sua identidade com coragem e elegância, pavimentando o caminho para novas gerações de pessoas trans e queer na África do Sul e além.
Hoje, sua história inspira a comunidade LGBTQIA+ a celebrar suas raízes, a lutar por reconhecimento e a honrar aqueles que vieram antes, vivendo suas verdades em um mundo que ainda tenta limitar quem podemos ser.
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