No início dos anos 2000, o nome de Lacraia ressoava com força no cenário do Funk e na mídia brasileira. Nascida no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Lacraia se destacou como dançarina e formou uma icônica dupla com o cantor Serginho. Como uma travesti, ela desafiou normas e trouxe à tona questões de diversidade em um gênero musical que, historicamente, tem sido marcado pela masculinidade e pelo machismo.
Com performances vibrantes, estilo inconfundível e uma expressão autêntica, Lacraia quebrou estereótipos, abrindo espaço para a inclusão de identidades LGBTQIAPN+ no Funk. Sua estética e atitude foram fundamentais para demonstrar que havia lugar para pessoas como ela nesse universo. Lacraia foi uma verdadeira pioneira na introdução de questões LGBT em comunidades onde esses temas frequentemente eram considerados tabus, contribuindo para o início de diálogos sobre identidade de gênero e sexualidade em ambientes que tradicionalmente excluíam essas discussões.
Embora não fosse uma ativista política no sentido convencional, a presença de Lacraia no cenário musical foi, em si mesma, um ato de resistência. Mesmo após sua morte em 2011, seu legado permanece vivo e é uma referência na cultura pop brasileira. Lacraia é lembrada como um marco de representatividade, especialmente para pessoas LGBTQIAPN+ que vivem nas periferias, onde encontrou uma figura inspiradora e um símbolo de pertencimento.
Mais do que uma simples dançarina, Lacraia se tornou um símbolo de resistência e diversidade. Seu impacto no cenário musical brasileiro ilustra como a arte pode ser uma poderosa ferramenta para desafiar normas, promover empatia e transformar a sociedade. Em um período em que a população LGBTQIAPN+ era amplamente invisibilizada e marginalizada, Lacraia exemplificou a possibilidade de existir, resistir e brilhar. Seu legado continua a inspirar e a abrir caminhos para a discussão e aceitação da diversidade nas expressões artísticas e na sociedade como um todo.
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