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Leia aqui segunda parte da entrevista com o Ministro Edson Santos, da Igualdade Racial

Hoje é o dia da consciência negra. Para marcar a data, na edição deste mês da revista A Capa entrevistamos Edson Santos, Ministro da Igualdade Racial. Leia a seguir a segunda parte da entrevista, que não foi publicada na revista. Aqui, você pode ler a primeira parte e clicando aqui você confere as perguntas feitas pelos nossos convidados.

A secretaria participa de alguma maneira na marcha da consciência negra?
Com certeza. Em São Paulo nós estamos aportando recursos, eu não vou participar por que nós teremos um evento grande no Rio de Janeiro que vai ser a instalação do João Candido na Praça XV. João Candido é o almirante negro, herói da revolta da chibata. Nós conseguimos que a estatua fosse feita e agora a autorização para que essa estatua seja fixada na Praça XV, onde ocorreu a revolta da chibata.

Ministro, no web site de vocês há um projeto para mapeamento das sociedades quilombolas. Há algum registro de personagens gays nessas comunidades?
Por conta do candomblé (religião oficial dos quilombolas) ser uma religião onde não há discriminação, as pessoas são muito respeitadas e há uma presença muito grande de homossexuais nesse segmento religioso. Até por conta da liberdade, no sentido libertário, que tem as religiões de origem africana.

Há um projeto de lei que institui o ensino da cultura afro no ensino médio e fundamental. O senhor tem acompanhado isso de perto, se as escolas estão adotando tal método?
Isso é fundamental para garantir a auto-estima do adolescente negro saber que na história do nosso país o povo negro contribuiu muito para nós chegarmos a essa coisa que nós chamamos de Brasil. Do ponto de vista da cultura, da política, da ciência, da economia, sempre tivemos negro que se destacaram em alguma dessas áreas. O maior exemplo é Machado de Assis. Um dos maiores escritores brasileiros da língua portuguesa não é retratado como tal. Estamos juntos com o ministério da Educação por lançar nesse mês de novembro um plano nacional de implantação da lei 10.669 (que institui o ensino da cultura afro) em todo sistema de ensino do país. Digo sistema de ensino por que ele envolve a rede pública e a privada.

O senhor é a favor do ensino da diversidade sexual na grade curricular?
Nós temos esse projeto que é o gênero e a diversidade na escola, de certa forma ele vai também abordar esse tema da opção sexual. Uma das coisas que precisa ser desmistificada é essa questão de que o homossexualismo é uma doença ou um desvio de conduta, a opção sexual é um direito de cada indivíduo.

Hoje nós temos a Secretaria de Políticas Especiais das Mulheres e a Secretaria da Igualdade Racial. O senhor acredita que deveria existir uma secretaria voltada para os LGBTs?
Esse é um tema que deve ser analisado em termos de governo. Hoje a gente tem a secretaria de direitos humanos que cuida disso. Acredito que no futuro possa haver. Até por ver a força do movimento LGBT que tem feito, por exemplo, São Paulo, uma mobilização muito especifica, talvez a maior que ocorre no país. Na medida em que isso ganha organicidade, não só os governos enquanto instituições terão as atenções mais voltadas para atender as demandas desse segmento. Isso pode se traduzir na criação de secretarias ou órgãos de governos que cuidem dessa área, assim como as organizações da sociedade civil e os partidos políticos. O que coloca um sinal nisso é a CUFA ter decidido criar uma instância LGBT.

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