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Lésbica é nova embaixadora do turismo GLS no Brasil; leia entrevista

A IGLTA (Associação Internacional de Turismo Gay & Lésbico) tem uma nova embaixadora no Brasil. Com larga experiência no mercado, Marta Dalla Chiesa, 43, assume o posto de Clóvis Casemiro, que foi embaixador e colaborador da associação por muitos anos (na foto, Marta aparece ao lado de Clóvis).

Nascida na Serra Gaúcha, Marta começou sua carreira em turismo em Londres, numa renomada operadora de viagens para a América Latina, e, desde 2003, é sócia-diretora da operadora Brazil Ecojourneys, fundada com a ajuda de sua companheira Lesley em Florianópolis (SC). Em sua nova função, Marta terá um grande desafio pelo frente: inserir de uma vez por todas o Brasil na rota do turismo GLS mundial.

Nesta entrevista exclusiva ao site A Capa, Marta elogia o trabalho de seu antecessor, conta quais serão suas primeiras ações como embaixadora da IGLTA e fala sobre o futuro do turismo para gays e lésbicas no Brasil e no mundo.

Como aconteceu sua indicação para o cargo de Embaixadora da IGLTA no Brasil?
Meu nome foi sugerido à IGLTA pelo Clóvis Casemiro, uma vez que eu já tinha uma ligação forte com a associação através do trabalho da minha operadora e como diretora de Relações Internacionais da Abrat GLS. Clóvis e eu já havíamos feito algumas ações juntos aqui no Brasil e no exterior. A partir disso veio o convite.

Como você avalia a atuação de seu antecessor, Clóvis Casemiro, na associação?
O Clóvis foi um pioneiro. Acredito que pouco se falaria de turismo GLS, e muito menos de IGLTA, no Brasil sem o excelente trabalho dele. Ele foi fundamental para estabelecer a IGLTA aqui. Hoje o Brasil é o país latino-americano com o maior número de associados, por exemplo.

Quais serão suas primeiras ações na IGLTA?
A prioridade inicial é estreitar o relacionamento com a Associação Brasileira de Turismo GLS  (Abrat GLS), que é bastante atuante no mercado interno. Já firmamos um acordo de cooperação no ano passado e este ano esperamos realizar algumas ações em conjunto.

De que forma pretende divulgar o turismo para gays e lésbicas no Brasil?
Acho que o turismo GLS já está sendo bem divulgado, tanto pelo trabalho do Clóvis quanto pelo trabalho da Abrat GLS. O meu papel realmente é tentar trazer a experiência e a estrutura internacional da IGLTA para ajudar.

Você, como lésbica, sabe que o turismo para mulheres ainda é pouco explorado no país. Tem algum projeto para desenvolvê-lo ainda mais?
Esta é uma questão mundial. Existem pouquíssimas ofertas para mulheres mesmo nos mercados de turismo LGBT mais antigos como EUA e Europa. Mesmo dentro da IGLTA existem poucas lésbicas atuando e temos um comitê específico para tratar desta questão, do qual eu faço parte. Acho que ainda falta conhecimento, por parte da maioria das empresas, para oferecer os produtos certos a esta fatia do mercado. Agora em julho vou participar de um painel em Buenos Aires justamente tratando disso. O aumento de produtos para mulheres já está sendo trabalhado lá fora e isto vai se refletir, eventualmente, no mercado interno também.
 
Como está organizada a agenda do turismo GLS para este ano? Quais eventos destaca?
Olhando rapidamente pelo calendário de tours em nosso site se tem uma noção da diversidade de opções de turismo para gays e lésbicas. Isto mostra que hoje em dia a gama de produtos vai muito além de pacotes para eventos específicos GLS. Mas se eu fosse destacar alguns eventos internacionais, eu diria que o Gay Games de Colônia, na Alemanha, e o Europride em Varsóvia, pela primeira vez realizado num país do Leste Europeu, vão atrair muitos turistas. No Brasil o turismo baseado em eventos GLS continua forte. No entanto, estes  também estão se diversificando. Em maio, por exemplo, vamos ter um final de semana GLS no interior de Santa Catarina que deve atrair muitas mulheres de toda a região Sul. A Abrat GLS acabou de lançar uma nova edição do programa Eu Amo Viajar, que deve incrementar o turismo interno.
 
Como pretende tornar o Brasil mais atraente especialmente para o turista estrangeiro?
Acho que o que falta é a divulgação do Brasil como destino gay e lésbico nos mercados emissores. Quase nada foi feito neste sentido até agora. A vinda da convenção anual da IGLTA para Florianópolis, em 2012, será uma excelente vitrine para o Brasil. Mas até lá temos que trabalhar na promoção internacional para este segmento, e isso tem que virar uma política dos órgãos oficiais de turismo locais. No mês passado, fico feliz em dizer, a Abrat participou pela primeira vez de uma feira internacional divulgando o Brasil como cooperada no estande da IGLTA dentro da feira de Berlim. Foi um passo muito importante. Nós esperamos poder continuar dando o nosso apoio, ajudando a conectar as empresas e associações que trabalham com o segmento LGBT no Brasil com parceiros de todo o mundo. Este é a força da IGLTA, um canal direto para atingir o turista e o trade turístico estrangeiro.

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