De acordo com o jornal Los Angeles Times, um juiz federal do Condado de Orange setenciou que os direitos de uma jovem lésbica que teve sua homossexualidade exposta após levar uma advertência, não foram violados.
Bem Wolf, diretor da escola de Santiago onde estudava Charlene Nguon’s, revelou para a mãe da adolescente sua orientação sexual, quando foi explicar os motivos da advertência da jovem. A sentença foi dada após 10 meses de processo no qual Charlene alegava estar apenas abraçando e beijando sua namorada. Uma atitude pela qual casais heterossexuais não eram punidos segundo a garota.
Na sentença, o juiz James V. Selna declara que o diretor apenas contou para sua mãe a razão pela qual a estudante estava sendo punida. Para o juiz, a advertencia não foi motivada pela orientação sexual de Charlene. A advogada da garota argumentou que não havia razões para revelar a homossexualidade da estudante, uma vez que isso não tinha nada a ver com a advertência.
Christine Sun, a advogada de Charlene, pretende recorrer. E a dupla ainda apontou uma pequena vitória na sentença. Ela aponta que nenhuma escola tem o direito de tirar um estudante do armário.
Caso parecido acontece no Brasil
A estudante de administração Karen A. viveu algo semelhante quando cursava o Ensino Médio. Uma de suas professoras contou à sua mãe sua homossexulidade e que estava namorando com uma garota. A diferença é que Karen não havia recebido nenhuma punição.
O episódio aconteceu há três anos em uma escola na Penha, Zona Leste de São Paulo. Karen relata que nunca se sentiu tão mal como naquela situação. “Minha mãe ficou extremamente decepcionada e envergonha ao saber por terceiros. Ela passou mal na escola e a professora teve que trazê-la em casa” relata. “Vi minha mãe chorando e dizendo que eu fui a maior decepção da vida dela”.
Quando soube da história de Charlene, Karen diz que esse tipo de situação a enfurece. “Fico revoltada com esse tipo de coisa”. E relembra como reagiu a situação “Fiquei furiosa… pois é minha vida, minha família, ela não tinha direito de ter feito o que fez. Ela não pensou nas conseqüências da atitude dela… E se eu fosse espancada?, expulsa de casa? Ela nem pensou nisso…”
Na época Karen tinha 17 anos, mas afirma que se pudesse, tomaria as mesmas providencias de Charlene. Entraria com um processo. “Se tivesse minha independência financeira como tenho hoje, teria feito sem sombra de dúvidas”, finaliza a estudante.
Recordar é viver
Há dois anos duas mulheres, na época com 22 e 18 anos, acusaram uma policial militar de ter agido de forma discriminatória ao vê-las se beijando na USP da Zona Leste.
As duas estavam na cantina da universidade e teriam trocado um selinho. Na versão da Polícia Militar, as duas estariam se beijando de forma acintosa e trocavam carícias nas partes íntimas – o que configuraria um ato obsceno.
O caso foi parar na delegacia e no meio da discussão a PM teria dito que desconhecia o fato da homossexualidade ser permitida por lei. O casal e seus colegas reagiram, alegando que elas podiam namorar ali.
A discussão acabou porque um funcionário da USP convenceu a policial a deixar o local, mas meia hora depois, elas foram informadas que o caso estava sendo registrado formalmente pela polícia.
O casal foi chamado a assinar um termo. Como se recusaram, tiveram de ir até a delegacia de Ermelino Matarazzo, onde ficaram cerca de três horas.
Elas diziam ter se recusado a assinar o documento por considerar que ele não explicava qual crime teriam cometido.