Um dos painéis de discussões com mais público do Enuds – Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual – aconteceu no sábado (05/09), terceiro dia de atividades, e girou em torno das especificidades lésbicas.
O eixo de comunicações sobre lesbianidades apresentou trabalho sobre a arte homoerótica feminina e sobre o corpo e o preconceito na fotografia de Damário da Cruz. A reportagem de A Capa acompanhou parte da apresentação que discutia a pornografia feminista.
Natália Soares de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia, analisou a produção de filmes pornôs dirigidos por mulheres e direcionados ao público feminino. A pesquisadora também assistiu a filmes "tradicionais" (dirigidos por homens e feitos para homens) e critica neles um viés sexista em relação a violência.
"Outro dia vi um que fiquei chocada. As duas meninas se batiam (risos)". A fala, na ocasião era pra explicar uma "confusão" que se cria na cabeça dos telespectadores dessas produções. "De repente, parece que todo mundo gosta de apanhar e aí se eu pego um cara no caminho que acha que é por aí".
Além do sadomasoquismo, Natália critica a violência do estupro no pornô. "Não que não exista quem gosta. Mas vocês podem ver. O estupro é o momento feliz do pornô".
A pesquisadora aponta também as discussões em torno de um caráter transgressor da pornografia. "Há quem diga que ela é transgressora, por mostrar tudo aquilo que se faz escondido. Outros já acham que ela está mais como uma força de manutenção daqueles valores que já existem". Para ela, o grande "poder revolucionário" da pornografia hoje está na mudança de paradigmas nas obras conduzidas por e pra mulheres.