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Lésbicas na serra

Por que será que as mulheres gostam tão mais do mato do que da praia? De se enfiar em fins de mundo onde as estradas acabam? De ter sítios onde só se chega de 4×4 enfrentando muita terra e buraqueira?

Confesso que não tenho muita ideia, mas confirmo isso cada vez que viajo. Eu sou uma lésbica típica, dessas que tem jipe e se mete com a companheira em ós do borogodó no alto dos morros, atrás do verde e das cachoeiras. Quando a gente conta para os amigos gays por onde esteve, eles só perguntam: onde é isso?! com aquele ar de incredulidade que deixa claro que jamais vão se afastar duzentos ou quatrocentos quilômetros de um centro urbano, se arriscar a serem mordidos por mosquitos ou cascavéis, só para entrar numa queda d’água gelada. Sem nenhuma balada num raio de muitas horas, com apenas o som dos grilos para dormir? Never!

Nós vamos. E brincamos que, se a gente encontra uma casa no final de uma estrada com uma Ranger (ou Hilux) parada na porta, é quase certo termos uma colega ali… Nessas cidadecas enfiadas nos morros de Minas Gerais ou do Rio ou de Santa Catarina, vira e mexe vemos uma moça ao lado de outra tocando com toda eficiência um restaurante, ou pousada, ou viveiro de trutas, ou sei lá mais o quê. Felizes em poder passar o dia de tênis ou bota, camiseta e jeans, sendo em geral super respeitadas pelo pessoal do lugar. Mais comum ainda é ver outros pares de moças vindas da cidade para passar o fim de semana ali, disfarçando que querem dar as mãos e estão no maior romance. Será que que a gente gosta porque ninguém liga para a roupa de uma mulher num lugar desses?
Não sei mesmo, se quiser arriscar um palpite esteja à vontade.

Mas justamente porque faço parte desse lote é que faço o convite às colegas que se empolgam com serras para participarem do bate papo que a Editora Malagueta vai promover em Gonçalves, um desses ímãs de mulheres no sul de Minas Gerais, no dia 6 de fevereiro. Olhe que desculpa excelente para fugir do calor e da cidade! E uma semana antes do carnaval, quando os preços estão baixos e as estradas sossegadas!

A gente vai falar de literatura e contar com a presença da autora Karina Dias, que lançou faz pouco tempo o livro Aquele dia junto ao mar. Mas como o evento é despretencioso, quem sabe a gente não chega também a uma teoria de por que as lésbicas gostam tanto de mato?

Serviço:
Conversa sobre literatura lésbica na serra
com a escritora Karina Dias e Editora Malagueta
dia 6 de fevereiro, sábado, a partir das 17 horas
Livraria Café com Verso
praça Monsenhor Dutra, 246
centro de Gonçalves, MG
fone (35) 3654-1241

O evento conta com o apoio da pousada Bicho do Mato www.pousadabichodomato.com.br, que parece um local bem simpático para levar a namorada. Se você for à nossa conversa e resolver se hospedar lá, chore por um desconto…

* Laura Bacellar é editora de livros e atualmente responsável pela Editora Malagueta, especializada em mulheres homossexuais www.editoramalagueta.com.br.

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