Estupro corretivo é a violência sexual cometida por alguém que não aceita a orientação sexual de outra pessoa e quer mudá-la a força. Pois esta triste realidade, que ocorre em diversos lugares do mundo – até mesmo no Brasil – está sendo debatida no Peru.
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De acordo com a pesquisa do Centro de Promoção e Defesas dos Direitos Sexuais e Reprodutivos e da Rede Peruana LGBT, inúmeras mulheres denunciam a violência sexual que sofreram devido a orientação sexual. Embora não haja dados quantitativos, os relatos mostram que a prática é comum e que merece atenção.
A peruana C. – que entrou na pesquisa, por exemplo – relatou que estava sozinha em casa quando um amigo da família invadiu o seu quarto e a estuprou. "Queria me 'curar a força. Ele me disse que fez isso porque não era normal eu 'ser como sou' e que uma 'mulher que chora por outra mulher é errada'", declarou. Ela se afastou do estuprador, mas logo depois descobriu que estava grávida.
A secretaria nacional da rede Peruana LGBT, Maribel Reyes afirma que a pesquisa mostra os casos em um contexto mais amplo. "Essa violência se manifesta de diferentes formas, que vão desde insultos, passando pela agressão física e chegando a ameaças de estupro. O próprio termo, estupro corretivo, surgiu com esse enfoque da pressão, que diz que é preciso castigar tudo o que fuja da norma, representa pela mulher heterossexual submissa que vive à sombra de um homem".
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Outro estudo chamado "Estado de violência: Diagnóstico da situação das pessoas LGBT na Lima metropolitana", publicada pelo coletivo "Não Tenho Medo", destaca que de cada 10 lésbicas, 4,3 já sofreram algum tipo de violência em família. "No caso das lésbicas, 22% da violência familiar ocorre de forma sistemática. E, em 75% dos casos de violência familiar, se usa a heterossexualidade obrigatória como mecanismo de controle".
As pesquisas destacam a responsabilidade do governo em se atentar para a realidade, sobretudo porque no Peru não há qualquer política nacional contra a discriminação voltada para a orientação sexual ou identidade de gênero.